TVTEC abre caminho contra a vulnerabilidade social
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Desde que o mundo é mundo a educação é um desafio tanto para os que ensinam quanto para os que aprendem: seja a disciplina pescar tilápias ou resolver equações exponenciais, tanto faz, o desafio é sempre o mesmo. Um lado precisa emitir informações e outro precisa receber, e o processo de comunicação entre os dois é bem complexo – precisa de mÃdia, está sujeito a ruÃdos e a mensagem à s vezes precisa ser repetida várias vezes para compreensão, apreensão e memorização de quem recebe.
Milênios atrás, quando ainda morávamos nas florestas e caçávamos, só havia mÃdia primária, ou seja, nosso próprio corpo – nossa voz e nossos gestos – para dar conta da tarefa de educar. Descobrimos que havia mÃdias secundárias quando começamos a bater nos tambores e a gravar com resinas o interior das cavernas – e depois Gutemberg aperfeiçoou isso inventando a imprensa (a mÃdia secundária exige uma superfÃcie que não pertence ao nosso corpo, como o papel por exemplo).
Mas só no século passado chegamos à era das mÃdias terciárias: equipamentos elétricos e eletrônicos que proporcionam a exibição simultânea ou isolada de textos, sons e imagens, ampliando os detalhamentos, as explicações e a compreensão de conceitos à s vezes tão abstratos que desafiam as didáticas mais refinadas. Estas mÃdias terciárias ou multimÃdias estão representadas pelo rádio, pela TV, pelo cinema, pelos computadores, gravadores, smartphones e todos os outros equipamentos elétricos e eletrônicos que servem para intermediar a nossa comunicação.
Em tese, não se pode dizer que uma dessas mÃdias seja melhor do que outra. Um ator de teatro é pura mÃdia primária e pode contar histórias riquÃssimas. Assim como um livro de contos pode não conter uma única ilustração, e ainda assim ser de extrema riqueza midiática para o leitor, que percorrendo o texto escuta vozes, vê paisagens e pessoas, animais, ambientes, sente aromas e se emociona à s lágrimas com o que lê.
De todas as mÃdias, no entanto, a mais rica que apareceu até agora é o computador nas suas mais variadas formas – PC, notebook, tablet, celular. E o que as pessoas mais buscam com os computadores não são textos, nem podcasts, nem fotos: o que elas mais buscam é vÃdeo, mostram todas as estatÃsticas sobre o tráfego da internet.
O encontro da educação com o vÃdeo não é recente, e desde que ele aconteceu foi possÃvel a organizações dos mais variados tipos ajudar milhões de pessoas no mundo inteiro, levando conhecimento aonde antes parecia impossÃvel: um conhecimento que não precisa ser transportado sob a forma de fitas ou discos – pode ser transmitido para onde for necessário, via satélite, pelo ar, pelos cabos, pela internet. Pode ser visualizado quando se queira. Foi isso que tornou possÃvel, por exemplo, professoras do interior do Amazonas completarem seus cursos de pedagogia na Faculdade de Educação da Unicamp. Ao invés de virem até a Universidade, foi o contrário: a Universidade desenvolveu os conteúdos para ensino à distância e ministrou os cursos, inclusive com professores ao vivo.
A opção da TVTEC pelo desenvolvimento de conteúdos educacionais com foco na população mais frágil tem no mÃnimo uma semelhança relevante com a estratégia da Unicamp: ela poderá construir para as populações econômica, social e educacionalmente menos favorecidas um caminho para a transformação de suas vidas por meio do conhecimento. Faz todo sentido, também, a opção por um conteúdo relacionado à s novas mÃdias: é aà que estarão as boas oportunidades de trabalho agora e no futuro, e os cursos de formação nessas especialidades são caros e distantes do alcance dessas populações.
É impossÃvel calcular com exatidão ou estimar o impacto positivo que esse tipo de conhecimento irá trazer à vida não só de uma pessoa como também à de sua famÃlia. Mas é possÃvel afirmar que esse conhecimento será inexoravelmente transformador.
* O autor é jornalista especializado há 35 anos em tecnologia da informação em geral – e há cinco em segurança da informação. Ganha a vida fazendo reportagens sobre esses assuntos para jornais e revistas. De 2004 a 2007 foi gerente do projeto Bradesco Instituto de Tecnologia, destinado a desenvolver tecnologias em educação para a Fundação Bradesco. Em 1978, fundou com o jornalista Pedro Fávaro Júnior a Imprensa Oficial do MunicÃpio para reduzir os gastos públicos com a divulgação obrigatória de atos oficiais.
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