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TVTEC Blog com Pedro Fávaro Jr.
30
outubro 2017

“Tem na Netflix?”. É a pergunta da vez

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Por Rafael Amaral

Basta alguém comentar que viu algum filme ou série do momento para o colega ao lado disparar a pergunta: “Tem na Netflix?”. A questão virou até piada nas redes sociais, entre cinéfilos que ainda gostam de mídias físicas ou curtir um cinema em tela grande.

Mas a pergunta prosaica leva a outro ponto: ela é mais uma das provas cabais de que a Netflix veio para ficar, ou simplesmente impôs um modelo de acesso ao produto audiovisual que há alguns anos era considerado sonho. Se antes as pessoas iam para uma locadora de DVDs em busca do último lançamento, agora elas continuam no conforto da cama ou do sofá, com um atrativo cardápio na tela da televisão.

Não é mais necessário se preocupar com diárias atrasadas, ou com o horário de fechamento da locadora. Todo o setor teve de se transformar: lojas fecharam, títulos lançados em DVD e Blu-ray são cada vez mais escassos. E, por trás da praticidade que a Netflix oferece, há, sobretudo, o poder da internet.

Quem não lembra? A vinda dos gigantes do streaming levaram muitas locadoras a fecharem suas portas

E, a depender ou não da Netflix, a realidade é incontornável: a televisão está migrando para o universo digital. O vídeo sob demanda veio para ficar. Os hábitos mudaram. As pessoas não desejam esperar para assistir seu filme, série ou programa preferido. Está tudo na “nuvem”, em algum HD distante.

O poder da Netflix fez com que outras grandes empresas criadoras ou distribuidoras de conteúdo e entretenimento corressem atrás das boas novas e, nesse mesmo modelo, lançassem suas próprias plataformas digitais. A Amazon já oferece um catálogo amplo e convidativo. A Disney anunciou que em breve lançará seu canal de vídeos sob demanda – e que deverá retirar seus títulos da Netflix.

Esse duelo de titãs poderá gerar uma corrida ainda maior pela confecção de produções originais. E já está em curso: a Netflix tem investido maciçamente em seus filmes e séries, inclusive tentando emplacá-los em importantes premiações e festivais (em Cannes, este ano, donos de salas de cinema levantaram-se em protesto, tentando boicotar os filmes da Netflix que concorriam à Palma de Ouro).

E o lançamento de novos canais via streaming poderá limitar alguns filmes ou séries a determinadas plataformas. Ou seja, quem quiser assistir clássicos como “Branca de Neve e os Sete Anões” ou “Dumbo” terá de recorrer ao serviço da Disney. Ou ao velho DVD encalhado na prateleira.

TEM TUDO?
Nem sempre a resposta à pergunta do título será positiva. E é por isso que a Netflix ainda não é atrativa a alguns cinéfilos. Incontáveis filmes e séries ainda não estão em seu cardápio. Para muitos amantes do cinema, as antigas locadoras exerceram um papel que a Netflix hoje ainda não consegue: oferecer um catálogo alternativo que permita a descoberta de alguns grandes filmes e joias raras.

Lembro-me bem quando trabalhava em uma vídeo-locadora, no início dos anos 2000, e não conseguia atender, em um fim de semana chuvoso, todos os clientes que queriam ver o novo “Homem-Aranha” ou o novo “Harry Potter”. Estavam todos locados. Mas sempre havia uma alternativa para indicar. A Netflix corrigiu isso, é verdade: não há limite – não que se saiba – para o número de pessoas assistindo a um filme ou série ao mesmo tempo. Por outro lado, nem sempre saciará a fome do cinéfilo atrás de algum “biscoito fino”. No geral, resta mesmo o “arroz com feijão” bem feito. Mais que crescer em assinantes, o desafio que se coloca agora à grande empresa é crescer em conteúdo.

Rafael Amaral é jornalista e crítico de cinema. Atualmente é coordenador de webjornalismo na Rede TVTEC



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