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TVTEC Blog com Pedro Fávaro Jr.
19
dezembro 2017

Heróis e heroínas da estrada

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Pedro Fávaro Jr.

– Santa Cascalheira, Batman! Para que serve tanto asfalto se a gente fica parado em cima dele?

– Ora, Robin! Serve para a gente ficar cozinhando aqui em cima, já que logo às 7 da manhã, neste Horário de Verão, estamos batendo nos 28 graus.

– E o Batmóvel, com que recursos especiais ele pode nos ajudar, Batman?

– Robin, estamos enrascados. Nenhum, porque ficamos espremidos entre duas carretas, o canteiro central e dois ônibus à direita. Talvez ligando o ar condicionado?

– Sim, Batman, que estou suando em bicas…

Pow! Crash! Toing!

– Puxa, Robin, o ar pifou também. Vamos abrir os vidros!

– Sim, Batman…

ZZZZZZZZZZZZZZZZZZ…

– Vidros abertos… cof, cof, cof... Robin… Estamos sendo inundados pelo gás carbônico desse mar de máquinas, meu querido! O que faremos?

– Vamos rezar, Batman… Vamos rezar…Ou correr…

Fico imaginando a conversa entre a dupla de heróis dos gibis de meu tempo de moleque, mais à frente um pouco, de seriados de tevê, hoje figurantes dos efeitos especiais, os atuais protagonistas cinematográficos. Imagino os dois em situações como a vivida nesta terça-feira, 19 de dezembro de 2017, por tantos amigos e amigas que, de ônibus ou de carro, viajaram para a Capital, a cidade de São Paulo, a trabalho.

Andei quase quatro décadas pela Anhanguera primeiro, pela Bandeirantes depois e, bem mais recentemente, pelo Sistema Anhanguera-Bandeirantes.  Escolhendo horários para escapar dos congestionamentos, especialmente de 2000 em diante. Foram muitos. No maior deles, em 8 de dezembro de 2009, de 8 horas para chegar até o primeiro retorno, no Piqueri. Os passageiros, que subiram às 6 da manhã no veículo, fizeram o motorista voltar, por volta das 14 horas. A culpa foi da chuvarada naquela ocasião.

Agora, nem precisa mais chover. A coisa para mesmo. Especialmente nessa época do ano, quando parte do povo aproveita as férias para as compras de Natal fora da cidade. Ontem não foram muitas reclamações. Mas deve piorar. Entre o Natal e o Ano Novo, cerca de um milhão e meio de veículos passam pela Anhanguera e Bandeirantes, em média, todos os anos.

Além de imaginar como Batman e Robin enfrentariam a situação, pensei no Capitão América. Acho o cara meio caidinho, porque é um super herói pós-guerra, da guerra fria que acabou faz tempo.

Assim, a melhor solução que achei para o desfecho do enredo dessa crônica, foi ver o sujeito chegando de Hover, o carro da Volkswagen que se movimenta acima do chão, movido à energia eletromagnética. E salvar os amigos.

– Batman, Robin, venham, eu os levarei aonde quiserem, para que vocês salvem quem for preciso!

– Ok, Capitão América! – e os dois correm felizes para o Hover abandonando o Batmóvel na rodovia dos  para mais tarde ser guinchado por quem de direito e, claro, devolvido, porque eles são super heróis. Mais satisfeitos até por saírem do congestionamento do que, propriamente, por seguirem para a nobre missão de salvar alguma pobre rapariga das mãos sórdidas do Coringa ou do Pinguim.

Enquanto isso, aqueles que não têm nada a ver com a ficção, os verdadeiros heróis e heroínas, aguardam pacientes – ou impacientes – na estrada, a hora de seguir para o trabalho, a consulta médica, a escola…



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