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TVTEC Blog com Pedro Fávaro Jr.
04
janeiro 2018

Nas eternas dobras do presente

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Pedro Fávaro Jr.

O aroma do café, transportado para cima na fumaça tênue e branca, perfuma a sala enquanto penso no melhor assunto para tratar, no primeiro texto do ano. Deste ano. Naquela escadinha espiral que começa no escritoriozinho onde me escondo com a Meg – minha gatinha preta e branca rechonchuda e a Gato (gata de rua acolhida com amor, rajada de um dourado lindo, embaralhado com a pelagem mais escura) –, meço os anos. Os que foram. Mais, certamente, muito mais do que os que virão. A época é de balanços e pensatas, de reavaliação, de reorganização. Pronto: o tempo será o tema do próximo artigo, post, crônica… Nada tem intrigado tanto o ser humano como o tempo.

Antes medido apenas nas viragens dos ciclos naturais, passou a ser medido de muitos modos. No século 13, com o calendário gregoriano que nos acompanha até hoje no ocidente. E de outros modos pelos incas, pelos persas, egípcios… Hoje pensado por não poucos como estrada entre onde estamos no agora, aquilo que passou ou o que está por vir…

Assunto que no início da era cristã intrigava filósofos de todos os matizes, entre eles, Agostinho de Hipona – Santo Agostinho. A reflexão agostiniana sobre o tempo encontra-se no Livro XI da obra Confissões, em texto autobiográfico, redigido entre os anos de 397 e 398.  

                        “Que é, pois, o tempo? Quem poderá explicá-lo clara e brevemente? … Contudo, afirmo com certeza e sei que, se nada passasse, não haveria tempo passado; que se não houvesse os acontecimentos, não haveria tempo futuro; e que se nada existisse agora, não haveria tempo presente. Como então podem existir esses dois tempos, o passado e o futuro, se o passado já não existe e se o futuro ainda não chegou?

                        Quanto ao presente, se continuasse sempre presente e não passasse ao pretérito, não seria tempo, mas eternidade. Portanto, se o presente, para ser tempo, deve tornar-se passado, como podemos afirmar que existe, se sua razão de ser é aquela pela qual deixará de existir? Por isso, o que nos permite afirmar que o tempo existe é a sua tendência para não existir.”

O santo reflete no livro sobre a Eternidade, onde considera que “nada é sucessivo, tudo é presente, enquanto o tempo não pode ser de todo presente”. Assim, já no século IV joga a definição de tempo para o relativismo ou a relatividade.

Albert Einstein, físico alemão, no princípio do século 20, cria a Teoria da Relatividade Restrita, em 1905, e a Teoria da Relatividade Geral, em 1915. Estabelece relações entre a massa e a energia de um corpo, segundo as quais tempo e espaço tornam-se ambos relativos e dependem do ponto de vista do observador.

***

Nossa…

Olho para o café. Já não há mais fumaça.

Esfria, enquanto mergulho na reflexão sobre o tempo. O aroma desaparece.

As gatas estão olhando para a minha cara, curiosas. Daquele jeito de bicho, balançando a cabeça de um lado para o outro… Devo ter me manifestado, de algum modo, na minha fisiologia, enquanto lia Santo Agostinho. Ou lembrava Einstein.

Caretas, olhos arregalados…As bichanas estão assustadas, ariscas…

Lembro ter lido, não faz muito tempo, sobre outro físico, o cientista norte-americano doutor Ron Mallett, que quando menino sonhava com a Máquina do Tempo para poder viajar e reencontrar o pai, falecido quando ele tinha 10 anos. Tinha saudade do velho e a saudade o motivou e moveu.

Mallett, estudando a dinâmica dos buracos negros do universo, comprovou matematicamente a possibilidade de se deslocar no tempo, em 2015. O deslocamento se daria com a criação de uma dobra no que os físicos chamam de “espaço-tempo”, a partir das teorias de Einstein.

Li também manifestação a respeito de viajar no tempo de cientistas que desacreditam totalmente na possibilidade, porque não recebemos até agora nenhuma visita vinda do futuro, o que para eles é necessário e suficiente como prova do impossível.

Também vi, em algum lugar, manifestação em que um astrônomo proeminente afirmava categoricamente que estamos aqui, no século 21, tão longe da viagem pelo tempo quanto o homem pré-histórico estava da viagem para a Lua…

***

O celular soa seu alarme agudo. Incisivo. As gatas empinam as orelhas.

Estou atrasado. Despeço-me delas dando um petisco cada uma e sigo para o trabalho.

O presente dividido em suas eternas e impiedosas dobras se impõe.

Como sempre…

***

PARA REFLETIR MAIS O TEMPO:

JÁ É POSSÍVEL VIAJAR NO TEMPO

TÚNEL DO TEMPO, SONHO SECRETO DOS FÍSICOS

FÍSICO PROVA QUE VIAJAR NO TEMPO É POSSÍVEL



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