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TVTEC Blog com Pedro Fávaro Jr.
29
janeiro 2019

A dor que dói no Brasil dói também em Jundiaí

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A tragédia de Brumadinho (MG) dói forte no Brasil consciente e lúcido e, portanto, dói em Jundiaí também.  O rompimento da barragem da Mina do Feijão, da Companhia Vale do Rio Doce, vulgo Vale, em Brumadinho, construída em 1976, arrastou com seus 12,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos de ferro a lama assassina das incúrias e irresponsabilidades pública e privada, sempre focada no lucro fácil, movida pela ganância e pelas ondas impiedosas do mercado. Uma espécie de cidadania monetária, desfrutada por pouquíssimos.

A queda da barragem de Brumadinho – avaliada inacreditavelmente como de “baixo risco” pelas autoridades do setor –, carregou no dia 25 de janeiro e carregará, para sempre, a crueldade represada de anos de desprezo e descaso,  o barro de sua desdita devastadora da flora e a fauna da região e também a maldição de centenas de famílias amputadas de pais, mães, filhos e filhas, avôs e avós de toda a parte do país que clamará eternamente por Justiça aos seus soterrados. Maldição que já havia germinado em Mariana e agora cresceu.

Há culpados sim! Existem verdades a ser levantadas! Existem vozes que clamam por essas verdades e justiças! Mas muitas delas, diante da tragédia que o País chora, deveriam permanecer mudas como estiveram desde 2015, inativas. Onde estavam e estão os dirigentes e especialistas e as autoridades que desprezaram o tempo de durabilidade e vida útil das estruturas, concreto e outros materiais utilizados?

No entanto, o mais enojante é ver, num cenário desses, em que uma multidão de pessoas sofre por não saber nem como lidar com o luto, mais uma barragem que se tenta construir com dinheiro, para estancar e represar a indignação generalizada: R$ 100 mil por pessoa morta!

Como poderá o dinheiro resgatar, por exemplo, os sonhos de uma médica de 30 anos que talvez viesse a ser uma cirurgiã notável ou quem sabe só sonhasse em ser mãe? Como pode um punhado de dinheiro, tão ou mais sujo do que os rejeitos de ferro e lama, suprir o prejuízo do lavrador morto, pai de três filhos, que sonhava em criar seus rebentos com a sua lavoura, para mostrar como se constrói a dignidade, degrau por degrau, gota por gota de suor honesto, temente a Deus e respeitador do outro. Ou recompensar a família do motorista de ônibus que deu tudo e fez o que pode, mas acabou de verdade atolado acima do pescoço?

Não pode. Não tem como.  Nunca terá!

Se não houver aprendizado rápido, urgente, com Brumadinho, com a punição severa da incúria e da irresponsabilidade nos altos escalões de culpados, com força capaz de afastar a ganância que cega empresários, políticos, autoridades e técnicos de má índole e sem caráter, preparem-se, porque a maldição do mar de lama crescerá, já que o País tem 663 barragens de rejeitos de minérios como a da Mina do Feijão.

(Imagem: G1)



Os comentários para este artigo já foram encerrados.

Quem já participou (14)

  • pfjunior disse:

    Não tem mesmo como ficar insensível a essa tragédia, Luíza. Coragem. Vamos fazer nossa parte.

  • pfjunior disse:

    Acho que a impunidade é o grande problema do nosso País. Vamos rezar e trabalhar para que isso mude.

  • pfjunior disse:

    Acho que foi um desabafo. Uma espécie de tentativa de gritar a dor que me atinge, a mesma que atinge todas as pessoas com um mínimo de lucidez e humanidade. E que apertou ainda mais com as imagens e informações que surgiram da tragédia. Espero que o texto, com todas as suas limitações, possa ajudar. Obrigado pela gentileza de me ler.

  • É muita tristeza
    Não tem como não chorar
    Somos todos filhos de Deus..
    Deus nos criou deu a nós a vida.
    E também dos animais com certeza estarmos
    Todos sofrendo com essa tragédia..
    E a revoltas é por causa da ganância..
    Tantos animais e pessoas que pagaram.
    Inocentemente..a ganância dessas pessoas que só pensam no dinheiro no ouro isso não valem nadaa. Deus quer ver seus filhos como ele colocou no mundo..só o amor constrói…
    E a ganância só destrói..?????

  • Aparecida Madalena disse:

    Só acho enquanto nossas leis,n for mudada,sempre haverá aproveitadores,nossas leis Brasileiras tem ser severa,se fosse em outro país ,isto n aconteceria,sem ter punições,mas n só valores de por cadeia os culpados.

  • Duda disse:

    Parabéns pelo seu texto. Perfeito!

  • pfjunior disse:

    É a minha esperança. Que o bem desponte e apareça. De minha parte, continuo na luta enquanto tiver forças. Coragem, Deus há de tirar um grande benefício de tanta dor, provocada pela desidia e ganância humanas.

  • pfjunior disse:

    O Corpo de bombeiros sempre foi e sempre será uma das instituições mais confiáveis e merecedoras de admiração no mundo inteiro. Aqui não é diferente. Abraço e obrigado. Rezemos pelas vítimas e seus parentes e amigos.

  • pfjunior disse:

    Sempre. Beijos, irmã.

  • pfjunior disse:

    Obrigado, Maria Inês. Espero que ajude mesmo. A dor é demasiada quando se cria um mínimo de empatia, quando a gente se coloca no lugar dos enlutados. Agora, imagine quantas barragens rompem e a gente nem vê no mar de corrupção e lama que vivemos desde 1500…

  • Maria Inês Guarda Tafarello disse:

    Excelentes palavras para uma reflexão. Qual o valor de uma vida?

  • Rosana Pagano disse:

    É isso irmâo. Punição severa para culpados. E é preciso também leis mais severas.
    Todos de olho nos acontecimentos e vamos cobrar.
    Abraços

  • Zida disse:

    Texto lindo, concordo com uma punição severa pela irresponsabilidade de alto escalão.Deus conforte os corações de todos envolvidos e dê força e coragem para que esses bombeiros, guerreiros , heróis resgataem todos os corpos pra que sejam enterrados dignamente. Um grande abraço .

  • Dalva Lauriano da Silva disse:

    Obrigada pela solidariedade para com os mineiros.Minas chora,todos nós mineiros choramos ,mas apesar das lágrimas mas continuar lutando e com fé,pois o bem há que prevalecer!

Link original: https://tvtecjundiai.com.br/tvtecblog/2019/01/29/a-dor-que-doi-no-brasil-doi-tambem-em-jundiai/

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