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TVTEC Blog com Pedro Fávaro Jr.
04
março 2019

Empresário e alpinista de Jundiaí relata aventura do vulcão Ojos del Salado, no Atacama

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O empresário e alpinista jundiaiense André Perlatti, de 35 anos,  partiu da cidade dia 9 de fevereiro com um plano para escalar sozinho o maior vulcão do mundo, o Ojos del Salado, de 6.893 metros de altura, localizado no Atacama. De Buenos Aires, na Argentina, conversou com a Rede TVTEC sobre a experiência transformadora e fantástica que viveu e tudo que aconteceu perto de sete mil metros de altitude. Seu retorno está previsto para 9 de março.

“Foram 14 dias no total: nove de subida e aclimatação, um de ataque ao cume e quatro de descida. Mas precisamos voltar porque nas duas semanas anteriores nevou muito e a neve não derreteu nem virou gelo. Ficou lá simplesmente”, conta direto de Buenos Aires. “Faltaram 300 metros para que atingíssemos o objetivo. Só que demoraríamos mais de quatro horas para completar 300 metros naquela altitude. Preferi voltar”, diz explicando tratar-se de uma decisão nada fácil.

Segundo André, o momento da desistência é muito complicado. “Envolve um monte de coisas. Mas neste ano veio muito forte a lembrança da minha família na mente. Eu estava já exausto e tinha uma descida de  500 metros com elevação com 60 graus de inclinação até a barraca. Não podia vacilar, sabendo que 80% dos acidentes ocorrem nas descidas”, recorda.

André informa que sensação, na maioria dos dias de expedição, foi de exaustão. “A falta de oxigênio castiga bastante. A ação física mais simples, como de colocar a mochila nas costas, torna-se algo extremamente cansativo”, conta para comparar o que compensa, em seguida: “Alguns dias de aclimatação e descanso são muito prazerosos. São dias em que nos sentimos um pouco mais confortáveis na altitude. E podemos desfrutar de toda magnitude e beleza da montanha, uma coisa deslumbrante mesmo”, garante o alpinista.

E existe ainda a compensação dos dias sem vento. “Neles, a gente consegue, confortavelmente, viver a experiência do silêncio, a experiência de estar a mais de 250 km da civilização mais próxima”, acrescenta. “A gente tem muito tempo para pensar em todos os assuntos possíveis, refletir bastante sobre como agimos com as pessoas mais próximas, se nossas atitudes são de fato as melhores possíveis”, relata André.

“Você precisa ter equilíbrio psicológico, estar mentalmente muito firme pra não cair numa enrascada e se aventurar de graça nessas ocasiões. Não é uma questão de chegar no limite, mas de considerar que tive o meu momento no Ojos, cheguei bem alto, e isso foi ótimo! Foi extraordinário. A questão que fica para responder é se em razão desses 300 metros deixarei de conhecer outra montanha, em outro lugar. E eu creio que não”, raciocina o empresário jundiaiense.

“Não sei bem ainda. É provável que tente outras antes de tentar escalar de novo aqui. Ou nem tente novamente. Não tenho ambição de ‘conquistar a montanha’. Mas de qualquer maneira peguei boas dicas com os locais sobre melhores rotas e épocas do ano para fugir da neve…” conta. Quando partiu, André tinha um projeto para escalar os sete maiores vulcões dos sete continentes e já havia escalado três cumes: Elbrus, na Rússia; Kilimanjaro, na Tanzânia; e Damavand, no Irã. O Ojos del Salado foi o quarto e, para concluir a lista, faltam ainda Orizaba, no México; Sidley, na Antártida; e Giluwe, na Papua-Nova Guiné.

O que ele quer agora é só uma coisa: encontrar-se com a mulher e o enteado, na Patagônia e conversar muito sobre a experiência desses dias, mostrando as belezas que conseguiu fotografar. Tudo isso comendo um bela pizza, revela à nossa reportagem.

(Reportagem Davi Traldi; Texto Pedro Fávaro Jr.)

(Imagens: André Perlatti)



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