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Análise: 2º Encontro de Valorização da Vida defende a dignidade do ser

Publicada em 29/08/2017 às 14:30

Por Pedro Fávaro Jr.

A missão confiada aos investidos em cargos eletivos é a de trabalhar pelo bem-estar de toda coletividade, sem qualquer tipo de discriminação e de muitos modos. Da ordem para recuperar uma faixa de pedestre e garantir a travessia segura em uma rua movimentada ao plano e execução de uma belíssima obra de arte, em um trevo de acesso à uma avenida expressa, para fazer fluir o trânsito e melhorar o fluxo do transporte coletivo urbano. Qual é o valor dessas ações, quando elas alcançam o resultado de ser verdadeiros atos de utilidade pública?

Faço aqui uma reflexão prévia a respeito do 2º Encontro de Valorização da Vida – Suicídio, Epidemia Calada, a ser realizado no Teatro Polytheama, nesta quinta-feira, 31, promovido pela Prefeitura do Município de Jundiaí, com o engajamento suas plataformas e unidades, como a FTVE – Rede TVTEC e o apoio do Centro de Valorização da Vida (CVV), a colaboração da Secretaria de Educação, Secretaria de Saúde e da Assessoria de Políticas para Diversidade Sexual, e Unidade de Administração e Gestão de Pessoas. Os palestrantes são voluntários abnegados, de profissionais de áreas específicas como a Psiquiatria e Psicologia, ou Segurança Púbica, a leigos que abraçaram a causa por ideal, para dar à sua história um legado de valor inestimável.

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O empenho na preparação e divulgação do evento, pelos seus organizadores, mobiliza uma força enorme e já sensibilizou centenas de pessoas. Muitos estão manifestamente interessados no assunto: desde aqueles que tiveram sua história tocada pela tragédia até médicos, enfermeiros, terapeutas, antropólogos, sociólogos, teólogos, lideranças religiosas, policiais, militares, profissionais das áreas de humanas e tanta gente que, de alguma maneira, lida com as limites das periferias da humanidade, apontadas recentemente o Papa Francisco.

O evento no Polytheama abre o Setembro Amarelo, mês internacional da prevenção do suicídio. O ipê amarelo é o símbolo

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Limites tênues que separam a vida dentro da normalidade das terras áridas dos mundos da desesperança, do desamparo, da dependência química, da pobreza, da velhice, do abandono em asilos e hospitais e de mundos de tantas outras dores. Afinal, na nossa região, 32 pessoas tiram a própria vida todos os anos. Um número que triplica, se consideradas as tentativas e a praga da subnotificação (as famílias escondem os casos, para proteger as vítimas e se protegerem). No mundo, são 10 milhões de casos por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Número que duplica, contadas as tentativas e triplica considerando a subnotificação. Verdadeiramente, uma epidemia silenciosa.

Epidemias, aliás, sempre se circunscrevem às localidades onde ocorrem. Nesse caso, arrisco dizer, como quem lida com relações interpessoais desde que se entende por gente, trata-se do território do ser humano, cuja topografia percorre as montanhas dos sentidos, as florestas das emoções e os mares ainda poucos conhecidos da inteligência e da vontade humanas. Um mal que enfim está limitado ao território do corpo e – perdoem-me os materialistas –, da alma de cada ser, de cada pessoa, com sua individualidade e dignidade únicas e exclusivas.

Muitas vezes, entretanto, estamos desatentos àqueles que estão ao nosso lado. Mais próximos, necessitando de cuidados. Desconsideramos os sinais manifestos de tristeza, os alarmes que dão como que para avisar sobre o estado em que se encontram. Um pedido codificado de socorro. Tive uma experiência dessas na minha família. Com uma pessoa muito próxima cujos sinais foram ignorados, porque ela estava avançada na idade. Amargamos em família uma tragédia com alguém que acabou com a própria história, violentamente, estando para além dos 80 anos e hoje, infelizmente, está contado como vítima da epidemia. Ressignificamos o ocorrido, conversando, sem fugir do assunto e alguns com terapia.

Não há ainda uma estatística sobre as adesões ao 2º Encontro de Valorização da Vida. Não se sabe se irão a ele dezenas ou centenas de pessoas. Todavia, o sucesso do evento está garantido. Simplesmente pelo fato de seus participantes poderem ser contados a partir de já como pessoas de sucesso. Porque são seres humanos interessados em viver e fazer com que os seus semelhantes sintam-se melhor. No conceito do filósofo norte-americano Ralph Waldo Emerson, isso é sucesso. “Saber que ao menos uma vida pode respirar mais fácil porque você viveu é o verdadeiro sucesso”, diz ele. ​Eu concordo.


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