Análise: ouvir e falar, opções assertivas em defesa da vida
Por Mônica Gropelo
Nosso aprendizado com a organização e divulgação do “2º Encontro de Valorização da Vida – SuicÃdio: Epidemia Calada” foi a confiança de “escutarmos a voz de quem ficou e escolheu viver” e de “falarmos de quem escolheu viver e faz disso a luta de muitos”. A luta do Setembro Amarelo. Ao tratarmos do tema SuicÃdio, nos últimos meses e semanas tivemos nossos aprendizados e reflexões pessoais. Um grupo que percorreu seus limites e perturbações, suas crenças e tabus. O que mudou, o que significou e o que tudo isso trouxe a cada um são questões do ambiente Ãntimo e da esfera particular. Há anos existe um “suposto (real) código” mantido pela imprensa de que não se deve noticiar SuicÃdio. Entre falar e promover ou glamourizar o suicÃdio existe uma distância de efeito muito grande. Por isso, nós da Rede TVTEC ouvimos. E nós também falamos. Essas premissas, simples e cautelosas, segundo os especialistas e a própria BBC, “são as melhores formas de prevenção à s tentativas e atos consumados de suicÃdios”.
Fomos assertivos, caprichosos em cada detalhe, profundos em cada contextualização, humildemente aprendizes de um novo conceito de usar nossa vocação profissional para ajudar pessoas que, de uma forma ou outra precisam ouvir e, mais que isso “desejam falar” de seus transtornos e depressões. Tentamos auxiliar os grupos voluntários dedicados a essa escuta. Essas pessoas confiaram em nós, e isso é muito sério. Estivemos esses dias todos nos bastidores de vidas fragilizadas por dores e sofrimentos. E isso tem uma dimensão enorme. Tem um propósito. Saibam todos que nossa contribuição está sendo, internamente sabática, e externamente imprescindÃvel e histórica.
Queira Deus e os lÃderes espirituais, juntados e misturados aqui, uma contribuição transformadora. Tudo isso para um mundo melhor, esse que está aqui perto de nós, dentro de nós. Uma atitude extraÃda e inspirada na flor da luz, a Shorinka, que será distribuÃda hoje a noite a todos que forem ao evento. Produzida por muitas mãos voluntárias e dedicadas. Nosso código não é silenciar ou abafar o SuicÃdio, não é julgar coragem e covardia.
Durante todos esses dias, nós criamos um “código” que promove a vida, fortalece a escolha da tentativa de viver e que, longe e muito ao contrário de ser “uma cópia do efeito negativo de algumas correntes midiáticas” é, na verdade, a divulgação de um gatilho orientador, transformador e incentivador na esperança da valorização da vida. Nosso código é prestar serviço a quem ajuda a fazer da escuta uma escolha para a vida. Dedico esse texto a equipe FTVE-Rede TVTEC, pelo zêlo, capricho e seriedade. Pelo silêncio dos créditos dos depoimentos. E nossa gratidão a todos que nesses meses construÃram esse momento. A gratidão aos amigos e parceiros do CVV, com especial carinho a mulher, cidadã, voluntária, médica psiquiátrica e mãe de um suicida Maria Cristina Ramos de Stefano, “que não pode impedir a estratégia silenciosa e abafada, mas que fez dela a semente para todo esse florescer”. (Referência: http://www.bbc.com/portuguese/geral-39714347)