Saúde: Polytheama recebe 1,2 mil pessoas para discutir suicídio
O prefeito Luiz Fernando Machado destacou nesta noite, ao abrir o 2º Encontro de Valorização da Vida – Suicídio: Epidemia Calada, no Teatro Polythema, a uma plateia de 1200 pessoas que lotou o auditório, frisas e camarotes, o ineditismo e a proporção adquirida pelo evento. “O ano passado foi realizado na Câmara, este ano no Polytheama. Para o ano que vem precisamos pensar num lugar maior”, destacou, agradecendo a presença das pessoas que se interessaram pelo assunto. “É preciso falar, discutir assuntos como esse tidos como tabu”, disse.
“Um governo, uma administração não deve achar que seu legado sejam pontes e viadutos quando há pessoas dormindo embaixo das pontes e viadutos. Nós estamos tratando e continuaremos a tratar de questões como essa, tabus, que precisam ser quebrados. E se uma só vida se salvar por nosso trabalho, podemos nos dar por felizes”, afirmou o chefe do Executivo, depois de saudar as autoridades presentes e parabenizar os organizadores do evento.
Cartilha
O primeiro a falar durante o evento, foi o psicólogo Alexandre Moreno Sandri. Ele foi o organizador, com o grupo dos servidores da Saúde Mental que coordena, da Cartilha de Prevenção do Suicídio de Jundiaí. Pela primeira vez uma publicação do gênero é oferecida, estrategicamente, às autoridades da área com dados concretos: na cidade, 20 pessoas por anos ceifam a própria vida e a maioria está no grupo de homens de 29 a 40 anos.
Para além das estatística, o especialista lembrou que o acolhimento, a escuta atenta e a legitimação da demanda da pessoa fragilizada são os caminhos apontados para aliviar o sofrimento. Segundo ele, é preciso escutar e estar junto com essa pessoa no sofrimento. “São as melhores e mais delicadas ofertas que se pode fazer e sem dúvida as mais eficazes”, explicou. Por fim, para encerrar, lembrou de uma máxima da Psiquiatria, para apontar a necessidade da discussão sobre o suicídio. “O ato surge quando falta a palavra”.
Especialista
A palavra do médico piquiátra Fernando Fernandes, que tratou do suicídio no âmbito das redes sociais, focando a série 13 Reasons Why e o polêmico jogo da Baleia Azul, foi a mais aguardada da noite. “O passo fundamental para se lidar com um suicida é ouvir”, declarou ele. “Ajudar os outros é lidar com sua própria impotência.”
Além disso, o médico declarou que “pessoas que um dia pensaram em se matar e não se mataram podem trazer algo útil para quem pensa em se matar”. Para o psiquiatra, a visibilidade que a série 13 Reasons Why trouxe ao tema fez com que ele fosse discutido como nunca antes.
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Compuseram a mesa de debate também o coordenador regional do CVV, Sérgio Antônio Batista; a professora Clara Magalhães, do Centro Paula Souza; a jornalista Heloísa Gama Alves, assessora da Secretaria de Desenvolvimento Social do Governo de São Paulo; a psiquiatra Maria Cristina Ramos Stefano, autora do livro “Suicídio: Epidemia Calada”; e o major Hugo Araújo dos Santos, que abordou a negociação em ocorrências policiais com suicidas. Além da superintendente da Rede TVTEC e Fundação Televisão Educativa (FTVE), jornalista Mônica Gropelo, que mediou as palestras.