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Medo: cuidado, a bomba H pode estar dentro de você!

Publicada em 21/09/2017 às 17:55

Por Pedro Fávaro Jr.

Medo. Medo de fracassar, medo de não conseguir, medo de não chegar ao destino. Medo de morrer, enfim. Quantos medos! As gerações dos anos 1950 nasceram no meio da Guerra Fria, sequela maldita da Segunda Grande Guerra que criou filhotes como por exemplo “o equilíbrio pelo terror”, a “paz pela tensão”. Não foram poucos, dessas gerações, que viveram atormentados pelo medo de uma hecatombe atômica. Não foram poucos, entre eles, que não acreditavam na possibilidade de ultrapassar o portal do Terceiro Milênio.

A psicologa, acupunturista e fitoterapeuta Sayonara Della Barba

“Quem vai apertar o botão que dizimará tudo?”, era a pergunta que precedia o sono de muitos daquela geração, todas as noites. “Onde explodirá ao bomba de hidrogênio?” seria a pergunta de hoje. Uma indagação que se inflama ao contemplar a radicalização encarnada em homens poderosos, como o neoliberal e arquibilionário Donald Trump, presidente norte-americano ou o seu maior rival da atualidade, o “homem-foguete” – como o próprio Trump apelidou –, o tirano norte-coreano Kim-Jong-Un.  Tudo isso gera mais medo e o acúmulo desses medos podem levar a humanidade a insanidades. A comportamentos impróprios.

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Existem muitas razões para que um comportamento se torne impróprio ou indesejado. Para o filósofo e escritor contemporâneo Martin Heidegger (1889-1976) o medo convida a viver na impropriedade. A psicóloga Sayonara Della Barba, que também é acupunturista e fitoterapeuta de orientação chinesa, acredita que o medo é necessário para trazer o ser humano à razão, ao seu ponto de equilíbrio.

Explica que o medo paralisa para tornar a pessoa capaz de medir sua capacidade de agir, escolher o tipo de ação e assim proteger dos riscos desnecessários. “Porém, os nossos medos atuais vêm de uma grande expectativa de ter sucesso, uma expectativa quase sempre forjada em valores impostos e que a cada vez fica maior. O medo cresce proporcionalmente a esses desafios, essas expectativas”, argumenta a especialista em comportamento humano.

Sayonara concorda com Heidegger. “Os comportamentos impróprios são desencadeados, as impropriedades, quanto mais distante do sucesso ficar a pessoa. A distância surge pelo tamanho do desafio e da estima – quanto maior o desafio e menor a estima, mais distante o sucesso parece e aí surgem os processos impróprios”, aponta.

Para a psicóloga, sempre existe “um medo e um desejo”. Muitas pessoas desejam que haja uma mudança ou um fim, outros se arrastam com medo da morte e das perdas e há os que aparentemente gostam de desgraças. Esses últimos, segundo Sayonara, acabam indo viver uma outra história que não é a deles mesmos. “Mas o pior dos medos é aquele que vem a partir daquilo que não controlamos. Esse é o medo que nos fragiliza e faz nossas neuroses crescerem. E a maior delas continua relacionada com a morte”, pondera a terapeuta.

Existe uma tendência de se olhar os medos transversalmente e enxergá-los como uma doença. “No entanto, não raro, o pânico, a depressão, as doenças somáticas e tantas outras coisas podem estar ligadas à fuga da própria realidade, da própria vida – há pessoas que vivem a vida dos outros, criticam, têm preconceito e abandonam seu mundo”, avalia Sayonara. “Esse cuidar dos ‘outros’ e não cuidar do próprio mundo pode estar ligado a algum tipo de rejeição, de incapacidade ou mesmo de fracasso”, acrescenta.

Sayonara, que atua na área da psicologia desde 2008, em Jundiaí, acredita, por exemplo, que o foco na Coreia do Norte é uma forma de se empenhar em lidar com algo muito maior que o mundo pessoal. “Claro, todos precisamos ter consciência crítica, saber onde estamos, quais são as pressões que nos cercam, mas antes de olhar para a Coreia, para a casa do vizinho, para o comportamento do outro, eu preciso olhar para a minha casa, olhar para dentro, porque ali está, muitas vezes, a bomba nuclear prestes a explodir e não nos damos conta.”


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