TVTEC: Especialistas debatem depressão e suicídio na infância

Por Pedro Fávaro Jr.

A Rede TVTEC realizou nesta quinta-feira (28), debate sobre o tema “Depressão e Suicídio Infantil”, transmitido ao vivo, desde 16h30, pelo Facebook e encerrado por volta das 17h10. A ação encerrou o Setembro Amarelo, o mês internacionalmente dedicado à prevenção do suicídio. A discussão foi conduzida pelo jornalista Rafael Amaral e contou com a participação do médico psiquiatra Fernando Fernandes, da coordenadora do Centro de Valorização da Vida (CVV) de Jundiaí, Maria Bernadete Amaral Carneiro, da psiquiatra Maria Cristina Ramos Stefano e da psicóloga escolar do Departamento de Educação Inclusiva, Mariângela Aiello Prestes.

Em roda, discussão abordou depressão na escola e na família

DESESPERANÇA
Momentos antes de entrar no estúdio de onde foi transmitido o debate, o médico psiquiatra Fernando Fernandes convidava seus seguidores na internet a assistirem o evento. Numa conversa descontraída explicou que a desesperança – acreditar na impossibilidade de seguir na vida, de ser útil, de ser feliz – é uma das causas mais fortes de depressão e, consequentemente de suicídio. “Há muitos fatores que levam até a desesperança”, acrescentou.

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A primeira a ser interrogada logo no início das discussões, foi a doutora Maria Cristina Ramos Stefano, editora do livro “Suicídio, Epidemia Calada”, uma espécie de agenda feita pelo filho dela Filipe, que acabou tirando a própria vida. “O suicídio na infância existe, é uma situação grave, pouco cuidada e pouco diagnosticada. Muitos fatores contribuem para esse mal, como os maus tratos e a discussão em família por exemplo, a dificuldade de aprendizado e a dificuldade de inclusão social”, indicou a especialista. “Por dificuldade de acesso aos meios mais letais, muitas tentativas se transformam em acidentes domésticos. Com atenção, pode-se notar nessas ocorrências sinais de suicibilidade”.

Fernandes acrescentou que os sentimentos da criança são muito diferentes dos manifestados pelos adultos. “Muitas vezes a criança é tratada como um mini adulto e isso é um equívoco”, disse. ” A criança tem uma ideia mágica da morte, não tem noção da irreversibilidade da situação, razão pela qual uma tentativa muitas vezes passa desapercebida dos pais, dos educadores”, argumentou afirmando que não se pode negligenciar esse tipo de acontecimento.

ATENÇÃO
A busca pelos serviços do CVV, por crianças e adolescentes, aumentou bastante, segundo a coordenadora da entidade. “Eles nos procuram por telefone, chat e e-mail, e o aumento dessa busca é um bom sinal, eu creio”, avaliou Maria  Bernadete. Segundo ela, tem muita gente “pedindo socorro” a partir dos 11 anos, com dificuldade de se expressar, de expressar corretamente o sentimento, a angústia que carrega. “E eles sempre pedem uma resposta rápida, quase imediata, por não saberem lidar com essas coisas”, ponderou.  Muitas vezes pais e educadores confundem a necessidade de atenção com “frescura”, “mimimi”. “Não é nada disso: se alguém, uma criança ou jovem tenta chamar a atenção é porque, de fato, precisa de atenção”, concluiu.

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A psicóloga Mariângela Aiello Prestes, do departamento de Educação Inclusiva, recordou sinais da depressão que surgem na escola. Para ela, é necessário foco em alguns aspectos como a alteração no comportamento da criança, o tempo e os ambientes em que essa alteração vem se manifestando  e a sociabilidade ou tendência ao isolamento da criança. “O diagnóstico é sempre muito difícil e pais e educadores podem confundir com birra e outros comportamentos inadequados, porque a criança tem dificuldade de expressar o que de fato sente”, contou a terapeuta.

CASE DE SUCESSO
Para a superintendente da Rede TVTEC e Fundação Televisão Educativa, Mônica Gropelo, a campanha de prevenção ao suicídio iniciada em 31 de agosto, pela Rede TVTEC em parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV) e o apoio da Prefeitura de Jundiaí, como “uma grande lição e um modelo a ser seguido”.

“Um modelo de como é possível e viável usar um meio de Comunicação público para discutir esse tema e outros, sensíveis e atuais, e ajudar as pessoas, a população, com equipamentos públicos. Essa é a verdadeira vocação de qualquer serviço público. O Setembro Amarelo, as iniciativas que o precederam, da parte da  TVTEC constituem um case de sucesso em todos os sentidos”, explicou a superintendente da Fundação TVE – Rede TVTEC.