Tecnologia: Operadoras brasileiras querem fim da neutralidade da rede
O setor de telecomunicações no Brasil se articula para pressionar as autoridades a fim de acabar com a neutralidade da rede no País. A pressão seria um reflexo das discussões que acontecem atualmente nos Estados Unidos e podem colocar fim ao mesmo princípio. O jornal O Globo cita fonte do setor de telecomunicações para afirmar a existência da articulação pelo fim da neutralidade, garantida pelo Marco Civil da Internet em reportagem publicada no início desta semana. Na opinião das empresas, o princípio de uma internet neutra interfere na gestão da rede e impede que as companhias deem prioridade a alguns clientes sem reduzir a qualidade do serviço de outros.
O pesquisador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV, Luca Belli, acredita que a Internet das Coisas, ou seja, a integração cada vez maior de aparelhos do dia a dia com a internet, não justifica o fim da neutralidade. Para ele, o Marco Civil permite a utilização de parâmetros diferentes para diferentes tipos de rede, mas uma empresa ou marca não pode ter privilégio em relação à outra.
“O texto [do Marco Civil não impede a internet das coisas. O princípio da não discriminação é importante para garantir que o desenvolvimento da internet das coisas privilegie as mais importantes e inovadoras, não as de grupos dominantes”, explicou. Em suma, a lei permite que a conexão de um carro seja diferente daquela usada por um smartphone, mas nenhuma fabricante pode ser priorizada.
O Marco Civil traz um mecanismo que permite às teles tratarem seus clientes de forma diferenciada, mas apenas em casos emergenciais, não por motivos comerciais. Com um possível fim do princípio, a tendência é que clientes menores sejam prejudicados e tenham que pagar mais para aproveitar a conexão com a rede.