Cultura: ‘As Mulheres que Sou’, mais que homenagem um show!
Música, teatro, canto capela, constelação, literatura, artes plásticas, homenagem, emoção – show! A mediadora entre as mulheres, foi a mulher Mônica Gropelo, que também é jornalista e superintendente da TVTEC. Para uma plateia de 1200 pessoas, a maioria mulheres, o Palco da Cidade começou falando sobre As Mulheres que Sou.
As autoridades subiram ao palco. O prefeito Luiz Fernando Machado. A primeira dama, Vanessa Machado e a gestora de Educação, Vasti Ferrari Marques. “O importante é a reflexão. Discutir as condições que a cidade terá e oferecerá para as mulheres. É um espaço de reflexão sobre esse tema, importantíssimo”, disse o prefeito, destacando o papel da gestora de Educação, que cuida das crianças. E dizendo que seria mais doce ouvir as mulheres cantoras que já haviam iniciado a apresentação.
Antes que o prefeito se retirasse, porém, a pedido de Mônica, a jornalista Tatiana Fávaro entregou a ele um selo da campanha Amamente Livre e ele pediu ao seu gestor de Negócios Jurídicos, Gustavo Maryssael, que faça de Jundiaí a primeira cidade a encampar a campanha. Vasti falou das mulheres educadoras, fortes, intelectualizadas e que fazem a diferença na cidade.
Depois, as protagonistas do show se apresentaram, mostrando as mulheres que são. A terapeuta Simone Arrojo, especialista em constelação familiar se apresentou dando espaço à mãe dela e pedindo que todos os presentes fizessem o mesmo, num momento de emoção contida para muitos.
Cristiane Tricerri vestiu-se de Shakespeare e falou à plateia meio Megera Domada mesmo, linda, expressiva. Élida Marques, depois, leu Chimamanda Ngozi Adichie sobre um mundo de menos diferenças e mais feminista.
Mafoane Odara provocou. Levou a filha para dizer que um bebê deve estar sempre com a mãe pelo menos até os três anos – o tempo das janelas de oportunidades, tempo das melhores conexões. E provocou sobre as práticas relacionadas à gravidez, aos bebês e ao exercício da paternidade e maternidade e à desconstrução ou reconstrução dos papéis sociais atribuídos aos gêneros. E provocou, provocou, provocou, provocou, provocou… Nila Branco cantou. E o canto foi para provocar um pouco mais também. De outro modo, menos retórico, mais poético e direto, reto mesmo.
A terapeuta Simone Arrojo começou lembrando o quanto os preconceitos tornam “perigoso ser mulher”. E como eles imprimem caráter à mulher e como isso é passado de geração em geração e como começam na família, de forma oculta. E fez uma dinâmica com quatro pessoas da plateia.
Depois houve uma tríplice homenagem. Cleópatra – com Cristiane, outra persona de Shakespeare -, Nila Branco com o Essa noite eu quero ir mais além e Élida Marques leu Cora Coralina, com Oferta de Aninha aos Moços – “Antes acreditar do que duvidar”. E aí Nila voltou com um texto seu para defender as minorias e especialmente defender as mulheres. Chega de tempos sombrios e de sumir ou com as mulheres sejam elas importantes ou apenas mulheres ou deixar essas mulheres nas sombras, era o apelo atrás da poética emocionada.
Depois, as mulheres responderam qual o papel de cada uma delas na revolução que deve mudar o papel da mulher. Mafoane escolheu ser provocadora para buscar o respeito às diferenças. Cristiane mulher livre, filha e pais libertários, defenderá a independência e a autonomia de toda mulher ser quem quiser ser, sem constrangimentos.
Simone Arrojo vê a necessidade de olhar com mais consciência a essência humana. Élida acha que a revolução é dar conta da linguagem. Achar a linguagem que toque o coração. Tatiana acredita que seu papel é ser a mudança, que a mudança começa nela, a revolução e ser presença, reconstrução para receber os seres que chegam, as crianças. Nila – nascida rebelde confessada, sexta filha – última – mandada sem aceitar, briguenta, aprendeu que isso era lutar por seu espaço.
Por fim, foram encaminhadas perguntas às participantes do elenco do programa. Como você explicaria o feminismo para seu filho, foi a indagação inicial a Mafoane. “Brincar com que quiser – não fazer distinção entre brinquedo de menino ou menina e ajudar sempre que você sentir que a outra pessoa passa por algo que não é legal!”.
Como defender a mulher num país machista? Quantas “Marielles” terão que morrer para fazer a diferença? A ex-defensora pública Nádia Tafarello, disse acreditar que o único modo é a desconstrução do machismo. “São necessárias mais mulheres no legislativo em todos os níveis. São necessárias ações preventivas na vida das crianças, quebrar o ciclo da violência doméstica”, afirmou.
Uma última pergunta para Mafoane: como ela se sente sendo a única negra entre as sete mulheres no palco. “Triste”, respondeu ela. “Precisamos evoluir. Como fazer para que surjam mais vozes de outras mulheres negras nesses ambientes? É um desafio. Eu agradeço pela pergunta”.
Tatiana fez um complemento. “As pessoas brancas precisam ter a coragem de se perguntar como a gente se sente sendo maioria branca e tendo só uma mulher negra no palco?” Linguagem para terminar tudo – com Élida, com Cristiane, com Nila. E tantas outras na plateia e fora dela. Mulheres que foram, são e que sempre serão a força da vida na vida da história humana. (PFJr)