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Após erradicação, sarampo, pólio, difteria e rubéola podem voltar ao Brasil

Publicada em 10/07/2018 às 08:25

Mesmo ofertada gratuitamente pelas Unidades Básicas de Saúde, a vacina da pólio não ultrapassa 85% dos vacinados nas duas doses aplicadas

Doenças como sarampo, poliomielite, difteria e rubéola podem voltar a ameaçar o Brasil. Desde 2016, o sarampo foi considerado erradicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) após identificar que o país não registrou circulação do vírus no período de um ano. Quanto a pólio, o Ministério da Saúde informou que há alto risco de retorno da doença, erradicada desde 1994, em 312 municípios brasileiros. Já a difteria, OMS também notificou surtos na Venezuela e no Haiti. No Brasil, há seis casos suspeitos da doença relatados neste ano aguardam confirmação.

Os alertas acima colocam em evidência doenças que estavam controladas graças à vacinação em massa, mas que ameaçam caso a imunização sofra quedas. Entre 1º de janeiro e 23 de maio deste ano, foram registrados 995 casos de sarampo no país (sendo 611 no Amazonas e 384 em Roraima), incluindo duas mortes, segundo a OMS.

A preocupação com a polio se dá pelo fato de que houve registro da doença na vizinha Venezuela e a circulação do vírus em 23 países nos últimos três anos. “A volta da poliomielite, doença que não tínhamos há mais de 20 anos, poderá significar uma situação grave para o Brasil”, disse à BBC News Brasil a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues.

“Entre as doenças já controladas no país, destaco preocupação com a poliomielite, a rubéola congênita e, como estamos vendo, o sarampo, que poderá se espalhar para outras regiões do Brasil” afirma o diretor da Divisão de Ensaios Clínicos e Farmacovigilância do Instituto Butantan, Alexander Roberto Precioso. “É preciso aumentar a cobertura vacinal da população contra essas doenças.”

Em alerta emitido no dia 28 de junho, o Ministério da Saúde explicou que municípios que não conseguiram atingir nem 50% da cobertura vacinal nos últimos anos estão na lista de maior risco para a volta da pólio. Cidades da Bahia e do Maranhão são as que menos imunizaram seus moradores nos últimos anos, tendo vacinado apenas 15% da população.

Estados que lideram casos de sarampo encontram-se na região Nordeste do país

Além disso, das vacinas que crianças de dois meses e quatro meses de idade devem tomar, a poliomielite tem sido a única que não consegue ultrapassar 85% de vacinados, seja na primeira ou na segunda dose. São duas as vacinas que previnem a poliomielite: a VOP, Vacina Oral Poliomelite, aplicada via oral aos 2, 4 e 6 meses de vida, com reforços entre 15 e 18 meses e entre 4 e 5 anos de idade; e a VIP, Vacina Inativada Poliomielite, que tem injetada uma dose aos 15 meses e outra aos 4 anos de idade. Ambas as vacinas são oferecidas nas Unidades Básicas de Saúde.

A volta do vírus do sarampo ao território brasileiro tem sido relacionada com a imigração venezuelana para a região Norte, iniciada em 2014, o que explica a incidência do vírus no Amazonas e em Roraima, que fazem fronteira com o país em grave crise sociopolitica.

Vírus trazidos por fluxos migratórios de uma população que não o erradicou para um local que o havia erradicado são chamados de “vírus importados”. Especialistas em imunização, dizem que o “vírus importado” só tem efeito quando encontra um indivíduo não imunizado. Desse modo, o retorno do sarampo ao território brasileiro ocorreu também porque parte da própria população brasileira deixou de tomar as vacinas do Calendário Nacional nos últimos anos.

(Fonte: G1)


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