Oficiais da PM dão show de esperança no Polytheama
O Tempo de Mário Quintana e a canção O Tempo do Mundo, de Fernanda Porto, cantada por ela mesma, introduziram a parte final do SuicÃdio: Epidemia Calada – Escutar é a saÃda, que lotou o Polytheama, na noite desta sexta-feira (14). Foram apresentados slides com alternativas multidisciplinares para combater o suicÃdio que tem causas multifatoriais. Uma das receitas reforçada foi a da constelação familiar para enfrentar um tema que pode ter a ver com a organização da famÃlia.
Major Hugo Araújo dos Santos, da PM, com 26 anos de experiência em negociação policial com suicidas. “As pessoas ficam curiosas quando conto o que eu faço”, disse o major. Lembrou que no ano passado contou sua primeira experiência, que negociou tudo errado e a pessoa acabou se suicidando. “Hoje, sou um suicidólogo. Especialista em suicÃdios. Depois da primeira, mal sucedida, tive umas 40 bem sucedidas”, disse. “Minha palestra é mais prática. A gente conta ocorrências”. E contou um caso de um soldado, o José, que separou da esposa.
O soldado traiu a esposa e depois tentou reatar sem sucesso. Foi para casa e se preparou para se matar. “Fui chamado para atender o caso. Estava me preparando e minha mulher disse – ‘precisa ser você’? Olhei pra minha filha recém nascida e pela primeira vez fui para uma ocorrência fui com medo”, recordou. Disse ter ido ao local e se apresentou. José disse que conversaria.
“Consegui libertar a enteada e continuei a negociação. Chamei a mãe dele, espÃrita, para me ajudar e ela topou. Quando ela saiu cumprimentei o José pela mãe excepcional dele. Ele tirou a arma e começou a coçar o queixo. Raciocinar. Isso depois de duas horas. Hoje ele está muito bem”. Major Hugo contou e falou sobre as técnicas com muito bom humor e dedicou sua explanação a todos os policiais e profissionais da área de segurança pública.
O capitão Diógenes Munhoz do Corpo de Bombeiros falou da abordagem técnica à s tentativas de suicÃdios. Falou de um caso de seis horas que atendeu. “Nós não chamamos mais de suicida a pessoa. Não carimbamos as pessoas assim. Chamamos de tentante. A pessoa me perguntou sobre FÃsica Quântica e eu não sabia nada. Ele desistiu, mas podia não ter desistido. Tinha um vÃnculo com ele de seis horas, ele tinha um rosto e um nome para mim”, comentou.
“O que me perguntava então é como é isso para quem trabalha no Samu, nos Bombeiros, na PM? Hoje temos um curso que capacita o bombeiro a convencer o tentante a desistir da ideia. Não sou psicólogo, não sou especialista, sou bombeiro. Nossa meta é chegar a desistência. Os tentantes são agressivos, depressivo ou piscótico. Temos que abordar cada tipo de um jeito”, explicou. “Não consigo ser negociador. Porque abordo, a vida é dela, negociar o que? Minha fala muda, minha linguagem corporal muda. Mas o principal é a humanização – escutar. Eu sou filho do CVV. Lá eu aprende a escutar”, indicou, com 52 abordagens e sem nunca ter visto um suicÃdio.
Até 2006, acrescentou, disse que os bombeiros eram treinados a criar distração para o tentante e a livrá-lo do risco. Numa segunda vez a possibilidade do suicÃdio, a chance da ocorrência era muito maior. “Bombeiros, PM, Samu, todos os órgãos ligados à essa área precisavam resolver esses atendimentos de urgência e felizmente estamos aqui, falando sobre esse trabalho, hoje”.
As jornalistas Ariadne Gattolini, do Grupo JJ; Fabiana Pupo, do Portal Tuco.com, e Denise de Oliveira, da TVTEC, fizeram as considerações finais destacando a importância do evento. Foram seguidas, nas observações, por Vanessa Souza Neto, do Hospital São Vicente de Paulo; pela professora Ana Lúcia Carrasco, coordenadora do Núcleo de Apoio ao Estudante da Faculdade de Medicina de JundiaÃ; Nádia Tafarello, da Unidade de Gestão de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de Jundiaà e pelo responsável pela Unidade de Promoção de Saúde da Prefeitura de JundiaÃ, Alexandre Sandri.