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Idosos brasileiros decidem voltar à faculdade

Publicada em 04/01/2019 às 11:32

Elpídio, Carlos e Dulce são retratos de brasileiros que não tiveram a oportunidade de fazer um curso superior na juventude e aproveitaram a terceira idade para estudar. No Brasil, há 18,9 mil universitários com idades entre 60 e 64 anos. Na faixa etária acima dos 65, o número é de 7,8 mil pessoas. Os dados incluem instituições públicas e privadas. As informações constam no Censo de Educação Superior de 2017, levantamento mais recente. Os dados não especificam a quantidade de idosos que estão fazendo curso superior pela primeira vez.

Carlos Augusto Manço começou o curso de arquitetura e urbanismo aos 90 anos (Divulgação)

O aposentado Carlos Augusto Manço, desde a juventude, planejava fazer um curso superior. Ele adiou o sonho por mais de meio século. “Devido à situação financeira, não consegui cursar uma universidade antes. Eu tinha que trabalhar e, além disso, teria de sair de Ribeirão Preto, onde sempre morei, para fazer uma faculdade “, comenta. A escolha pela Arquitetura e Urbanismo foi motivada pela profissão que ele exerceu ao longo da vida: por 35 anos, trabalhou como desenhista profissional no câmpus da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto. No local, ajudou a projetar áreas da instituição de ensino e do Hospital das Clínicas, pertencente à USP. No começo de 2018, Carlos decidiu então retomar o sonho

Já Elpídio Neto de Oliveira, de 70 anos, abandonou a escola em 1964, aos 16 anos. Na época, fazia o quinto ano do ensino fundamental. Quase cinco décadas depois, o idoso se aposentou e decidiu retomar os estudos. O principal motivo que o levou a voltar às salas de aula, conta, foram comentários que ouviu durante a vida. “Muitas pessoas falavam que eu era analfabeto e isso me deixava encabulado”, declara. As críticas o motivaram a se matricular no programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) e, em três anos, concluiu o ensino fundamental e o médio. Depois, se inscreveu no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e conseguiu uma vaga no curso de licenciatura em Letras, com habilitação em português e inglês.

Dulce parou os estudos para se dedicar aos filhos e aos 62 anos entrou na faculdade (Arquivo Pessoal)

O sonho de fazer um curso superior também acompanha Dulce Araújo desde a juventude. Ela concluiu o ensino fundamental, mas relata que foi impedida pelo pai e pelo então namorado de seguir para o ensino médio. “Parei de estudar quando comecei a me relacionar com o meu marido. Ele não queria que eu continuasse na escola. O meu pai era militar e concordava com ele”, lamenta. Ela se casou, teve dois filhos e tornou-se dona de casa. Em 2004, aos 54 anos, Dulce começou a fazer diferentes cursos profissionalizantes, como um de informática. Em uma das aulas, um professor a incentivou a fazer o ensino médio e as palavras do docente a incentivaram a procurar o EJA. Em 2012, ela fez um curso pré-vestibular para se preparar para disputar uma vaga na UERJ. No mesmo ano, fez a prova e passou para Pedagogia. Em 2013, iniciou o curso superior e se formou em 2017. Agora, em 2019, pretende fazer pós-graduação.

Para Maria Candida Soares, pesquisadora em envelhecimento humano pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), cursar uma universidade pode trazer benefícios aos idosos, como a atualização de conhecimentos, visão de um novo momento sociocultural e a possibilidade de buscar uma nova carreira. “Muitos conseguem ter acesso ao tão sonhado diploma universitário apenas na velhice. Mesmo que não seja para o exercício de uma atividade profissional, eles podem buscar uma universidade pelo prazer, mérito e reconhecimento em ter concluído o ensino superior, algo que ainda não está disponível para todos os indivíduos”, diz à BBC News Brasil.

 (Fonte: G1)

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