Jovem supera câncer e se torna enfermeira do hospital onde tratou doença
Diagnosticada com leucemia aos 12 anos, Mayara Majevski, hoje com 24, fez o tratamento no hospital onde agora dedica aos pacientes os mesmos cuidados que recebeu. A vocação surgiu enquanto enfrentava a batalha pela vida. “Sempre tive vontade de fazer pelos outros aquilo que tinham feito por mim”, diz.
Mayara não tinha ideia do que estava por vir ao ficar internada por um mês após o surgimento de manchas roxas pelo corpo e repetidos exames. As primeiras medicações, que desencadearam reações nada agradáveis, deram uma noção. A notÃcia da queda dos cabelos foi o primeiro grande impacto. “Perdi toda minha configuração de menina. Fiquei muito magra, passei a usar sonda e ficar inchada. Eu cheguei a pensar que as coisas não dariam certo”, recorda. Foram cerca de dois anos de tratamento intenso e outros tantos de acompanhamento. Aos 17 anos, já curada, ingressou no curso de enfermagem da Faculdades Pequeno PrÃncipe, em Curitiba.
Trabalhar com crianças da oncologia era uma certeza a essa altura. Formada há dois anos, tendo passado por outros hospitais, a volta ao local de tratamento provocou reações inesperadas. O seo Januário e a dona Tereza ficaram assustados e preocupados com a decisão da filha única. “Foi difÃcil aceitarem que eu tinha amadurecido o suficiente para voltar para cá. Agora eles sentem orgulho”, conta. Os reencontros no hospital são também inevitáveis. A chefe de Mayara foi uma das enfermeiras que cuidou dela. A oncologista Flora Watanabe, ao ver a jovem enfermeira, garante que não há presente melhor.
Além do conhecimento técnico, a enfermeira lança mão da receita própria que auxilia enfermos e familiares: 50% de fé e positividade, completadas com medicações e cuidados. “A relação com os pacientes hoje é aquilo que mais completa. Quando sabem da minha história querem conhecer mais. Tento dar conforto e esperança de que o câncer não é uma sentença de morte”, afirma.
Depois da cura, a enfermeira passou a carregar no antebraço outras marcas de agulhas: a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Foi após uma missa no hospital, perto do primeiro Natal do tratamento, que ela diz acreditar que tudo melhorou consideravelmente. Às vésperas do Natal passado surgiu o novo emprego. “Tem coisa que tem que acontecer e na hora que tem que acontecer”, diz ela, com um sorriso que dá vontade de viver.
(G1; Imagem:Â Giuliano Gomes/PR Press)