Isadora vence votação, mas perde o ‘Arte na Orelha’ por ser menor
A menina Isadora Gomes Roncalho, de 10 anos, que tem um implante auditivo, participou do concurso nacional “Arte Na Orelha”, promovido pela Cochlear Brasil, parte da Ear Parade, cujo objetivo é enfeitar as ruas de São Paulo e aumentar a conscientização sobre a saúde auditiva. A garotinha, que representou a Associação Terapêutica de Estimulação Auditiva e Linguagem (Ateal) e Jundiaí, com seu desenho, venceu o concurso nacional, mas não pode levar a premiação por ser menor.
“A empresa fabrica o implante que a Dora usa. O concurso pedia para desenhar ‘sons’ em uma orelha. Houve a inscrição, a orelha dela foi uma das selecionadas para ser votada pela internet. A vencedora seria a orelha com maior número de curtidas. Ela seria ampliada por um artista plástico, com o desenho vencedor e exposta na Avenida Paulista. A orelha da Dora teve o maior número de curtidas, mais de 2300, na sequência, uma orelha de Bauru com pouco menos de 2000 mil curtidas e em terceiro lugar outra com 1600 curtidas, que foi a vencedora. As duas mais votadas eram de menores de idade. Passou desapercebida por nós a cláusula no edital que determinava ter mais de 18 anos”, relata Ida Roncalho, a avó da menina.
Para ela, o que causa estranheza é o fato de a Cochlear (fabricante do implante) e a Politec (representante na América Latina) sabedores da idade de Isadora não terem indeferido a inscrição dela. “Houve um grande trabalho de divulgação, gerou expectativas e ao final das votações os dois desenhos mais votados foram desclassificados”, comenta dizendo haver uma promessa de “presente” para a menina. “Sou Poliana, ainda chegará”, brinca Ida.
A avó explica que Isadora – “uma menina de Luz” -, acompanhou toda votação e a toda hora queria saber da contagem. Quando saiu a orelha premiada a mãe dela informou a avó sem saber direito o que faze. “Expliquei o problema da idade para ela, que precisava ser adulto e tal. A noite a mãe foi explicar para ela e ela emendou: ‘minha avó já me falou, tinha que ter 18 anos, na boa'”. E acrescentou que Isadora está curtindo o “auê” que o assunto causou.
O advogado da Cochlear, Pedro Salles, informou que na fase de votação “todos os desenhos foram participantes”. Nessa fase, a desclassificação automática ocorreria apenas para desenhos sem qualquer identificação e que manifestassem ideias com expressões desonrosas e/ou ofensivas a pessoas ou empresas, locais, obras culturais, religião etc. Não existiu uma fase classificatória, portanto”, disse em entrevista ao TVTEC News.
“A norma do concurso é bastante clara e objetiva. Esclarece que a ‘Arte de Orelha vencedora estará, ainda, sujeito à confirmação final de elegibilidade e conformidade nos termos deste Regulamento‘. E a maioridade era requisito de elegibilidade para vencer”, informou Salles.
(Por Pedro Fávaro Jr., imagens TVTEC)