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Mulheres conquistam mercado cervejeiro, da gestão à produção

Publicada em 05/06/2019 às 11:24

As mulheres estão cada vez mais presentes no universo das cervejas artesanais, dos dois lados do balcão. Se como apreciadoras elas estão cada vez mais pedindo boas cervejas, também mostram que estão com tudo à frente da produção, divulgação e em todas as áreas do mercado cervejeiro.

A participação feminina no mercado cervejeiro cresce muito rápido e nas mais diferentes áreas

Em tempos de conquistas dos muitos espaços antes considerados exclusivamente masculinos – ou quase –, as brasileiras da cerveja têm indo além, extrapolando as fronteiras e recebendo o merecido reconhecimento. Assim, a participação feminina no mercado cervejeiro cresce muito rápido e nas mais diferentes áreas: brassagem, qualidade, manutenção, logística, financeiro, adega, marketing, sommelières, juradas em concursos nacionais e internacionais, empreendedoras e também na liderança em muitas cervejarias.

A evolução

“É muito bom ver essa abertura cada vez maior maior para mulheres no mercado, coisa que há poucos anos atrás não era tão comum. Claro que ainda é um universo predominantemente masculino, e que, como em qualquer mercado e qualquer lugar, infelizmente o preconceito e o machismo ainda estão presentes, mesmo que disfarçados de “brincadeiras” ou “piadinhas””, comenta Fernanda Ueno, mestra cervejeira da JAPAS.

A marca é tocada por ela, Maíra Kimura e Yumi Shimada, três profissionais do mercado cervejeiro que se uniram pelas suas semelhanças: 3 mulheres nipo-descendentes com a ideia de manter e buscar suas próprias origens a cada criação, além de mostrar que mulheres podem e devem se destacar em todos os ambientes, mesmo aqueles que geralmente são considerados masculinos.

Ainda que exista gente que pense que existe algo como “bebida de mulher” ou que restrinja nosso paladar ao sabor doce, muitas mulheres estão aqui para mostrar que não trabalhamos com limites. E essa mudança vai acontecendo diariamente, tanto com profissionais da área quanto como consumidoras.

“Quando comecei a fazer cerveja era testada a cada minuto. Sempre tinha um homem me fazendo perguntas óbvias para tentar provar que eu não sabia o que estava fazendo”, conta Bárbara Fonseca, mestra cervejeira da Catimba e da Trilha. Mesmo não sendo uma história tão comum hoje, muitas pessoas ainda ficam muito surpresas com o fato dela ser uma mulher por trás das produção. “Acho que é uma construção cultural naturalizar o homem nesse lugar e estamos quebrando isso”, afirma.

Enquanto consumidora, Bárbara ainda vê mais preconceito, especialmente na hora de lidar com pessoas de “fora” do mercado cervejeiro. “Com bastante frequência escuto “cerveja de mulher, mais docinha” quando peço para me falarem das cervejas em um bar ou restaurante. Eu gosto das cervejas ácidas e das amargas, sabe! Acredito que temos um caminho bem longo para desconstruir esses padrões pré-estabelecidos dentro do mercado de hospedagem e serviço, mais do que dentro das fábricas”, conclui.

As cervejas artesanais

Por mais que evoluam, as cervejas artesanais ainda têm um longo caminho para percorrer. Bárbara Fonseca acredita que ainda têm muitas aspas antes de falar em popularização, até por que é preciso mudar a relação com a cerveja.

A grande variedade de estilos e ingredientes também desperta muita curiosidade e gera novas experiências para as pessoas.

“No Brasil temos o hábito de sentar no boteco e tomar cerveja por horas; com cervejas mais encorpadas, mais alcoólicas e com sabores mais complexos, fica difícil tomar grandes quantidades. Claro que existem centenas de estilos e muitos deles são leves e super fáceis de beber o dia todo, mas a ideia não é essa. Acredito que essa “popularização” está fazendo com que as pessoas se preocupem mais com a qualidade do que estão bebendo”, explica.

Fernanda Ueno vai na mesma linha: “o consumo das artesanais têm um papel muito importante na educação do consumidor, no sentido de conhecer melhor sobre ingredientes, famílias, estilos, além de contribuírem para um consumo mais consciente que preza mais o cuidado na produção, qualidade de matérias primas e a relação mais próxima do consumidor com as cervejarias”.

A grande variedade de estilos e ingredientes também desperta muita curiosidade e gera novas experiências para as pessoas. O mercado hoje tem opções de cervejas pra todos os gostos, cervejas mais ácidas, amargas, leves, refrescantes, alcoólicas, sem glúten, sem álcool, com frutas e com os mais diversos ingredientes.

Mão na massa

Hoje existem muitos meios para aprender a fazer sua própria cerveja. Há uma variedade imensa de institutos que dão cursos de especialização na área para quem quer atuar profissionalmente ou apenas conhecer melhor o processo de produção, cursos com cervejeiras(os) para aprender a fazer sua cerveja em casa, além de material online e livros.

Não existe lugar melhor ou pior, mas há de se levar em conta que os ambientes de escolas cervejeiras e a maioria dos cursos que oferecem no mercado são quase que exclusivamente procurados e administrados por homens, o que talvez deixe algumas mulheres mais desconfortáveis.

“Há um ano atrás resolvi dar um curso básico só para mulheres para que elas pudessem fazer sua própria cerveja, em casa, por sentir essa hostilidade dentro desses ambientes. Foi uma experiência bem legal onde tivemos uma troca genuína de conhecimento e de experiências com o machismo cervejeiro e de boas oportunidades também. Acredito muito na força de mulheres juntas e acho que o caminho para termos um mercado mais igualitário depende bastante da nossa união, tanto como profissionais da área, quanto como consumidoras”, relata Bárbara.

Fernanda também aconselha procurar um estágio em cervejaria ou trabalhar em bares de cervejas. “Isso pode ajudar a conhecer melhor o mercado, direcionar em que área especificamente se deseja atuar e uma experiência como essa pode abrir novas portas para a carreira”.

(Fonte/Imagem: Hypeness)


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