Casal jundiaiense cria projeto para educar crianças na África

Luana Preterotti é jundiaiense, 27 anos, mãe de Maria Flor de dois anos, da Cacau – forma carinhosa como é conhecida sua cachorrinha e de outras 60 crianças que vivem na Tanzânia, local que deu o pontapé inicial para a idealização da ONG Pés Livres.

Como boa amante de aventura e praticante de montanhismo, também carregava na bagagem o sonho de escalar o Kilimanjaro, montanha mais alta da África. “Meu primeiro trabalho voluntário foi em 2015. Viajei com o Rafael, meu companheiro, e fizemos a montanha. Era uma viagem de férias e tínhamos um mês para ficar no continente, então eu disse que queria dedicar aquelas férias ao trabalho voluntário em orfanatos na cidade de Moshi”, comenta.

Ali, naquele instante, a Pés Livres tinha início. O trabalho transformou de fato a vida do casal. Juntos, descobriram a mais mágica e simples ferramenta para se reconectar: se importar. Com o outro, no dia a dia, ou em qualquer outro continente. “Se importar com a alegria ou o sofrimento do outro. E com o importar-se vem a solidariedade e quando se é solidário com alguém, você descobre o real significado da humanidade. Um, em um todo. Somos todo um só. Eu sou, porque nós somos… Isso sim pode transformar o mundo”.

ONG PÉS LIVRES

A ideia surgiu quando o casal retornou ao Brasil, totalmente apaixonado por um povo que os acolheu por um mês, com um amor puro e genuíno. “Voltando à rotina de trabalho e do dia a dia, nós percebemos o quanto aquilo era pouco. Acordar, comer, trabalhar, dormir e apenas isso, já não fazia mais sentido para nós dois. Foi então que mesmo sem saber como, decidimos que de dedicaríamos algum tempo nosso a continuar ajudando aquelas pessoas”, explica Luana.

Hoje, a Pés Livres busca, por meio da educação, diversão e afeto, criar novos caminhos para crianças jovens e seus familiares. Mais de 70 famílias são impactadas diariamente com a manutenção de uma escola pré-primária na Tanzânia e do apadrinhamento de outras crianças que ingressaram na escola primária do governo, a qual se paga uma taxa anual para poder estudar e se alimentar.

Ao todo, 58 crianças são atendidas na escolinha pré-primária e 28 na escola do governo

Ao todo, 58 crianças são atendidas na escolinha pré-primária e 28 na escola do governo, empregando também quatro mulheres da comunidade. Em janeiro, um novo projeto voluntariado, onde se é mapeado outras estratégias de educação infantil já existentes pelo continente africano, mas que precisavam de algum suporte para melhorar na estrutura, por exemplo.

Nesse mesmo período, 12 voluntários brasileiros foram levados para a Tanzânia, em outubro, mais 13 foram para Moçambique. Outros dois projetos estão sendo encaminhados, que devem possibilitar uma renda extra para famílias que vivem com menos de US 1 dólar por dia.

GRACE WISDOM FOUNDATION: SONHO REALIZADO

A Grace Wisdom Foundation é um sonho de Neema – professora que o casal conheceu em 2015, em uma das escolas que foram voluntários. Ela conseguiu abrir a escolinha no ano de 2016, com a ajuda de dois americanos que vivam no país. De forma pontual, Luana e Rafael também ajudavam Neema, e dois anos mais tarde em uma conversa, ela disse que fecharia a escola porque os americanos iriam para outro país com outro projeto.

“Em um impulso, totalmente materno, eu diria, disse a ela que não iria deixar a escola fechar e assumiria os gastos financeiros. Os americanos haviam deixado três meses da escolinha pagos, então tinha esse período para achar uma forma de levantar essa grana mensalmente. Foi quando criamos a Livraria Solidária, onde arrecadamos livros usados e vendemos em feiras de rua em São Paulo. E posteriormente vieram os padrinhos, que são pessoas que doam mensalmente um valor de contribuição”, finaliza.

(Texto: Caroline Ferreira/Imagem: Arquivo Pessoal)