Quantos testes o Brasil tem e por que nem todos os casos são testados?
A aplicação dos testes para diagnosticar a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, tem provocado muitas dúvidas: por que nem todos os casos estão sendo testados? Eu posso ser testado mesmo sem sintomas? Posso ser testado se tiver sintomas leves? Quantos testes o Brasil tem? Veja perguntas e respostas sobre os testes:
1. Quantos testes para Covid-19 o Brasil tem disponíveis?
O Ministério da Saúde fez um pedido inicial ao Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz, no Rio de Janeiro, para a produção de 25 mil testes diagnósticos da Covid-19. Segundo a Fiocruz, até quinta-feira (19) foram distribuídos 17,9 mil testes a 27 Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacens) e laboratórios de referência nacional, como Adolfo Lutz, em São Paulo; Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz, no Rio de Janeiro; e Instituto Evandro Chagas, no Pará. Deste total, 2,5 mil foram utilizados até quinta.
A previsão é de que em abril sejam entregues mais 40 mil testes para o novo coronavírus, e, até o fim do ano, 1 milhão no total. Todos os testes produzidos pela Fiocruz deverão ser usados no Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, na rede pública. No domingo (22), o Ministério da Saúde anunciou que pretende aumentar os testes do tipo PCR (que usam o código genético do vírus) para chegar a uma escala de 30 a 50 mil exames diários.
2. O Brasil recebeu algum teste diagnóstico da OMS?
Sim. Agora, o país produz os próprios testes, com base no protocolo da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo o diretor-geral organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a entidade enviou 1,5 milhão de testes diagnósticos de Covid-19 para 120 países ao redor do mundo – entre eles o Brasil.
3. Quem produz os testes brasileiros?
A Fiocruz está produzindo os testes diagnósticos para atender à rede pública de saúde. A entidade fabrica exames do tipo PCR, que sequenciam o genoma de uma amostra para verificar se há presença do vírus. Segundo especialistas, ele é mais preciso, mas demora mais para dar o resultado. Alguns hospitais e laboratórios produzem seus próprios testes, também do tipo PCR.
4. Quais pacientes podem ser testados?
No Brasil, hoje, são testados somente os casos graves. Outros testes por amostragem estão sendo feitos em 114 unidades de saúde do país, que integram a “rede sentinela”, segundo o Ministério da Saúde. Portanto, os testes não são aplicados para todos os interessados. Segundo o governo, a medida é adotada porque já está comprovada a transmissão comunitária (quando não é possível traçar a origem da infecção). Neste cenário, todos passam a ser casos suspeitos para a doença.
5. Por que o hospital nem sempre faz teste em quem está passando mal e com todos os sintomas?
Porque, segundo o Ministério da Saúde, agora o objetivo dos testes é entender o comportamento do vírus caso um paciente tenha um caso grave da doença e desenvolva pneumonia. Além disso, se uma pessoa chegar a um posto de saúde com quadro de insuficiência respiratória, por exemplo, ela será tratada para esse quadro, e não para a Covid-19. Não há tratamento específico para a doença. Alguns medicamentos em teste têm mostrado resultados positivos, mas inconclusivos.
6. O que autoridades e especialistas dizem sobre fazer testes só nos casos mais graves?
Existem dois lados da questão: uma é que, ao fazer a “testagem em massa”, é possível saber o número real de casos existentes, rastrear a contaminação e propor uma quarentena. Do outro lado, como já há transmissão comunitária no Brasil (quando não é possível saber como se deu a infecção), todos estão sujeitos à contaminação.
7. Como são feitos os testes?
Se o teste for do tipo PCR, primeiro coleta-se uma amostra de dentro do nariz ou do fundo da garganta do paciente. O teste consegue determinar se o material genético do vírus está presente na amostra. O resultado leva cerca de 4 horas para sair. O PCR é o único tipo de teste disponível na rede pública de saúde do Brasil.
8. Quantas amostras o Brasil pode analisar por dia?
Segundo o Ministério da Saúde, os laboratórios centrais nos 26 estados e no Distrito Federal têm capacidade de analisar, por dia, cerca de 100 amostras de exames para a Covid-19 por dia. Já nos 3 laboratórios de referência, essa capacidade é de cerca 200 amostras por dia. No total, a capacidade de análise é de cerca 3,3 mil amostras por dia – cerca de 16,5 mil por semana.
9. Por que o Brasil não faz tantos testes como outros países?
Devido ao tamanho do país e à quantidade de pessoas, segundo Sotiris Missailidis, vice-diretor de pesquisa e desenvolvimento da Fiocruz. “A realidade do Brasil é totalmente diferente em termos de números e em termos de espaço do que a Coreia do Sul. Estamos entregando testes para o SUS e a pretendemos escalonar isso para poder testar mais e mais pessoas caso for necessário, como previsto, na verdade”, diz Sotiris Missailidis, da Fiocruz.
10. O Brasil vai importar ou adotar testes rápidos?
No sábado (21), o governo que, dentro das próximas semanas, vai receber 10 milhões de testes rápidos para diagnóstico da Covid-19. Desses, ao menos 5 milhões serão usados, com prioridade, nos profissionais de saúde. Os testes são produzidos por uma empresa chinesa e aprovados por agências reguladoras da China e pela Comissão Europeia, mas ainda não são validados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo o Ministério da Saúde.
11. Por que autoridades e famosos fizeram testes, alguns várias vezes, e eu não consigo?
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que as autoridades do governo brasileiro fizeram os testes na rede privada. “No caso das autoridades do alto escalão do governo, eles voltaram de viagem ao exterior, tiveram contato com casos confirmados e fazem parte do grupo de risco [pessoas com mais de 60 anos]. Eles procuraram hospitais particulares e realizaram os exames na rede privada”.
(Fonte: G1/Imagem: Carla Cleto)