Para economistas, prioridade é evitar mortes e garantir renda à população
Economistas, ex-presidentes e diretores do Banco Central e ex-ministros condenaram o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro sobre a Covid-19, doença causada pelo novo coronavÃrus. Em pronunciamento em rede nacional na noite de terça-feira (24), Bolsonaro fez um apelo pela “volta à normalidade” e á reabertura do comércio e das escolas. Na fala, ele chamou a doença de “resfriadinho”, contrariou especialistas, pediu o fim do “confinamento em massa” e culpou a imprensa por “espalhar pavor”.
Economistas afirmam, no entanto, que se a epidemia sair de controle, as consequências econômicas podem ser até mais graves, e que salvar vidas deve ter prioridade sobre a economia.
Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda
“Hoje nós (precisamos) mais do que nunca de um poder Executivo com capacidade de coordenação, que não estejam em reiterados conflitos com o Congresso, com a comunidade cientÃfica, com a mÃdia profissional, com os fatos e com uma parcela expressiva da opinião pública.
O Brasil precisa hoje, mais do que nunca, de uma serena combinação de humildade e confiança por parte de suas lideranças. Humildade para entender a natureza das incertezas do risco que corremos. E, confiança na nossa capacidade de nos erguermos à altura dos desafios atuais que acho que não são poucos.
O que os brasileiros não precisam e não merecem nessa hora grave são desvarios e destemperos verbais por parte do Poder Executivo“.
Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central (BC)
“Nesse momento, eu acho que o governo federal tem que agir e agir como se tivesse em uma guerra. Nós temos inúmeros cadastros no Brasil, a nÃvel federal, a nÃvel estadual, a nÃvel municipal, de pessoas carentes que recebem algum tipo de transferência do Estado. Isso poderia ser mobilizado para assegurar uma renda mÃnima durante o perÃodo de três, quatro meses para esses trabalhadores”
MaÃlson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda
“Em primeiro lugar está o objetivo de salvar vidas; em segundo lugar, de pôr dinheiro nas mãos das pessoas, particularmente as de renda mais baixa, as menos favorecidas. Em terceiro lugar, salvar as empresas de uma quebra. Esse é o objetivo terceiro. O primeiro é salvar vidas. O presidente parece dar a impressão de que ele prefere contar os mortos do que contar os desempregados.
Acho que não é hora de pensar em ajuste fiscal, até porque a medida aprovada pelo Congresso, a proposta do poder executivo de decretar calamidade já geram autorização para o governo não cumprir a meta de resultado primário.”
(Fonte: G1. Imagem: Reproducão GN)