No segundo, são tomadas apenas medidas brandas, proibição de grandes eventos e aglomerações. Por ele, morreriam 627 mil dos 122 milhões de brasileiros infectados. O terceiro cenário é de isolamento de idosos e pessoas com doenças associadas ao aumento do risco da Covid-19. De acordo com o Imperial College, seriam 121 milhões os infectados e 530 mil os mortos, com 3,2 milhões de hospitalizados.
O quarto cenário, aquele que é defendido pela OMS, médicos e cientistas, prevê medidas mais radicais: testes em massa, quarentena de casos, rastreamento de contatos e distanciamento social. Os pesquisadores dividiram esse cenário em dois. Se as medidas são tomadas quando a epidemia causa 1,6 caso por 100.000 habitantes, situação da Coreia do Sul, o Sars-CoV-2 infectaria 49.599.016 pessoas, das quais mataria 206.087.
Porém, se as medidas são tomadas precocemente, com 0,2 caso por 100.000 habitante, seriam 11.457.197 milhões de brasileiros infectados e 44.212 morreriam. Esse é o melhor cenário possível, ainda assim com imensa mortalidade.
Tanto a Lancet quanto os pesquisadores do Imperial College salientam a necessidade de urgentes medidas de contenção severas, como as quarentenas em massa e ampla restrição de mobilidade.
A revista critica duramente os países que optaram pelo chamado isolamento vertical, tentando evitar as mortes apenas com medidas de quarentena para os idosos e pessoas com doenças associadas ao aumento do risco da Covid-19. Ela lembra como os governantes que seguiram inicialmente por essa linha, como os dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Suécia, e agora correm em desespero para comprar testes de diagnóstico, equipamentos de proteção, ventiladores. Veem seus hospitais colapsarem, e enfrentam um aumento crescente da raiva da população.
“Globalmente muitas pessoas estão com medo, raiva, incerteza e sem confiança em suas lideranças nacionais”, afirmou a Lancet. Ele destaca ainda que não falta uma liderança global e que a OMS tem exercido um papel central em coordenar a resposta global.
Especialistas explicam que achatar a curva é possível, mas não é fácil nem tem resultados visíveis em poucos dias, pois o vírus se propaga mais depressa do que nossa capacidade de reação.
“Teremos que esperar porque esses resultados não são instantâneos. Há quem faça contas rasteiras, sem embasamento científico e vejam curvas de melhora ou de piora agora, mas são flutuações normais esperadas e nada dizem de conclusivo”, alerta ele.