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Governadores, prefeitos e partidos se organizam contra discurso de Bolsonaro

Publicada em 28/03/2020 às 10:45

A elaboração pelo governo Jair Bolsonaro de uma campanha publicitária com o slogan “O Brasil não pode parar” em meio à pandemia do coronavírus gerou forte reação no meio político e os governos dos estados e cidades. A intenção das peças é reforçar o discurso do presidente contra o confinamento e a favor da reabertura do comércio e escolas, na contramão do recomendado pelas comunidade científica e adotado pelos estados durante a crise.

“Alguns vão morrer? Vão morrer. Lamento, lamento. Essa é a vida, essa é a realidade”, disse o presidente à TV Bandeirantes

Em São Paulo, João Doria destacou o fato de a adoção de quarentenas ter sido adotada em série por vários países no planeta e questionou: “Mais de 50 países estão em quarentena. É a pior crise de saúde no mundo. Quase metade da população do planeta está em casa. O mundo inteiro está errado? E o certo é o presidente Jair Bolsonaro?”

“Atentado à vida”

O governador do Rio, Wilson Witzel, por sua vez, vai renovar o decreto que recomenda à população do Rio a ficar em casa. A medida será anunciada na próxima segunda-feira e valerá por 15 dias. Doria disse ainda ter recebido ameaças de morte que serão investigadas pela Polícia Civil de São Paulo, e não temer apoiadores ou os filhos do presidente. “Não tenho medo de 01, 02, 03 e 04”, disse, referindo-se aos apelidos que o próprio presidente usa ao mencionar os filhos.

Governadores do Nordeste afirmaram que a campanha publicitária do governo pode causar mortes. “Manifestamos nossa profunda indignação com a postura do governo federal, que (…) promove campanha de comunicação no sentido contrário (das recomendações médicas), estimulando, inclusive, carreatas por todo o país contra a quarentena. Este tipo de iniciativa representa um verdadeiro atentado à vida”, afirma um dos itens da carta.

Bolsonaro, por sua vez, insistiu no tema e questionou os números de mortes pela Covid-19 divulgados pelo governo de São Paulo, citando a possibilidade de estados brasileiros fraudarem dados para fazer “uso político” da questão. “Não tô acreditando nesses números de São Paulo”, declarou, em entrevista à TV Bandeirantes.

O presidente questionou também o número de mortos na Itália, citando um estudo, mas sem revelar a qual se referia. Mais tarde afirmou que 88% das mortes no país não se deviam à pandemia. O dado, porém, é que este percentual de pessoas que faleceram tinha alguma comorbidade antes de serem contaminadas pela Covid-19. Bolsonaro reconheceu que a pandemia provocará mortes, mas comparou a situação ao trânsito:

“Alguns vão morrer? Vão morrer. Lamento, lamento. Essa é a vida, essa é a realidade. Não podemos parar a fábrica de automóveis porque tem 60 mil mortes no trânsito no ano”, afirmou.

(Fonte: O Globo. Imagem: PR/Divulgação)


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