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Pesquisadores dizem que é cedo para o Brasil sair da quarentena

Publicada em 04/05/2020 às 15:09

As medidas adotadas por governadores e prefeitos para conter o avanço do coronavírus se revelaram insuficientes para assegurar o grau de isolamento social necessário para frear o contágio da população, de acordo com um grupo de pesquisadores ligados à Universidade de São Paulo (USP).

Na avaliação dos especialistas, a falta de determinação das autoridades e as disputas políticas entre as várias esferas de governo envolvidas com o controle da pandemia têm contribuído para o descumprimento das medidas tomadas para reduzir a circulação de pessoas e aglomerações nas ruas.

Dados analisados pelos pesquisadores mostram que a adesão da população à quarentena foi maior em países europeus que adotaram medidas mais rigorosas do que as postas em prática no Brasil, como a Espanha e a Itália, onde a Covid-19 matou dezenas de milhares de pessoas nos últimos meses.

‘A experiência internacional tem mostrado que a persistência na implementação dessas medidas é essencial para controlar a transmissão do vírus e evitar o colapso dos sistemas de saúde pública’, afirma a cientista política Lorena Barberia, coordenadora do grupo e uma das responsáveis pelo novo estudo.

A maioria dos estados brasileiros adotou medidas drásticas em março, quando ainda havia poucos casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus. Todos fecharam escolas e estabelecimentos comerciais, proibiram aglomerações e recomendaram às pessoas que ficassem em casa para se proteger.

A paralisia de muitas atividades econômicas tem alimentado pressões pelo relaxamento das medidas. Nas últimas semanas, governadores de pelo menos nove estados permitiram a reabertura do comércio em setores não essenciais, e cinco reduziram restrições a aglomerações, segundo o estudo.

‘Muitas pessoas veem o aumento do número de casos confirmados e mortes no Brasil como prova de que o isolamento não ajudou a controlar a doença, mas a verdade é que muitas autoridades têm transmitido mensagens confusas e isso contribui para que a adesão da população à quarentena diminua’, diz Barberia.

Para comparar as medidas adotadas e seus efeitos no Brasil e em outros países, os pesquisadores usaram informações reunidas por um grupo da Universidade de Oxford que monitora políticas de combate ao coronavírus no mundo inteiro e dados do Google sobre a circulação de pessoas nas ruas.

O grupo de Oxford criou um índice para avaliar o grau de rigidez das políticas, que varia numa escala de 0 a 100. Quanto maior o número, maior o rigor das medidas. Os pesquisadores brasileiros ajustaram os números para que refletissem também o empenho dos governos na implementação das restrições.

(Fonte: Seleções/Imagem: iStock)

 


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