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Professor de Jundiaí facilita vida de alunos de Emebs e vira exemplo

Publicada em 02/06/2020 às 16:49

Professor Marcos dá aulas de Educação Física nas Emebs Pedro de Oliveira e Luiz Biela de Souza

Em meio à pandemia do Coronavírus o professor de Jundiaí, Marcos Mendes Cardoso, resolveu colaborar na vida de pais e mães que estão com dificuldades de comunicação na hora de retirar o material educativo disponibilizado pela Educação. Na sexta-feira (29/5), ele falou ao Boletim TVTEC.

Natural de Santos, Marcos tem 48 anos e atua na Rede Municipal de Ensino de Jundiaí desde 2011. Já lecionou em diversas escolas da cidade e atualmente dá aulas de Educação Física, nas EMEBs Pedro de Oliveira e Luiz Biela de Souza.

Em entrevista ao TVTEC News, ele dá detalhes de como tudo começou, das dificuldades, os perigos enfrentados, e revela como se sente realizado por fazer aquilo que faz e como enxerga o momento atual. (PFJr.)

TVTEC – Como surgiu a vocação de ensinar na sua vida?

Professor Marcos – Ensinar não foi uma vocação, mas um processo de amadurecimento intelectual e social. Quando mais jovem, minha opinião não era diferente da do senso comum que a sociedade muitas vezes faz do ensino. Mas o crescimento como ser humano, sendo que a minha área permitia a docência, acabou sendo algo do qual não tinha como negar.

E essa ideia de ajudar pais e mães de alunos, na pandemia? Como surgiu?

Os professores estão em grupos formados dentro do WhatsApp, para interagir com os pais. Como especialista, estou em vários grupos pois damos aulas para várias séries. Em um desses grupos notei a preocupação que me pareceu sincera de uma mãe, pois haviam trocado o horário de trabalho dela e ela não teria como pegar o material da filha disponibilizado já fazia vários dias. O dia limite era aquele e, então, chamei a professora no particular e comentei que como moro próximo à escola poderia pegar o material. Depois veríamos como entregar à mãe para que a menina não tomasse faltas e não ficasse sem estudar, o que e péssimo para a rotina das crianças.

E deu tudo certo?  Não teve dificuldade?

Fiz contato com meu coordenador e o mesmo concordou com a ação, pois a retirada de um livro que pertence a criança teoricamente só poderia ser feita por pessoal autorizado da família, Como era uma condição especial, deu tudo certo. A professora comentou comigo que havia mais cinco pais na mesma condição e perguntou se eu podia pegar o material para eles. Concordei porque não me custava nada. A entrega foi feita com os pais entrando em contato comigo. Alguns vieram na minha casa por ser perto da escola e a dificuldade deles não era a distância e sim o dia de retirada

Então você nunca precisou, desde que tomou a iniciativa, levar material. O pessoal vinha buscar, é isso?

Houve dois casos que levei. Num deles, eu aproveitei que tinha um compromisso e era meio que caminho, passei na loja que a mãe trabalhava e outro, embora não tivesse nada a ver com meu caminho, estava sem comunicação por mais que a escola tentasse encontrar, fazia vários dias. Eu me prontifiquei e levei em um bairro, que não vou citar para não passar uma impressão errada. A casa da aluna ficava a poucos metros de um ponto de tráfico de drogas. O lugar estava cheio de olheiros e, na rua mesmo, sem saída, havia um homem com um rádio para comunicação. Parei levei os livros da criança para a mãe dela que estava na porta e nem sabia que iria receber os livros pelo fato de estar sem comunicação. Chegou um rapaz de moto, sem capacete, acelerando, um daqueles que é chamado de ‘soldado no tráfico, para olhar quem era que estava lá. Graças a Deus não mexeram comigo

Que história. Qualquer um ficaria apavorado. Vai continuar fazendo essas entregas?

A ajuda a que me referi dessa última criança foi nesta segunda-feira (1), não será mais necessário, pois os pais estão recebendo os livros e materiais em casa, as dificuldades estão sendo minoradas, e o número de pessoas que precisam ir à escola buscar material está diminuindo, para evitar que corram riscos, devido aos aumento dos casos da Covid.

E como professor, de que maneira enxerga tudo que está acontecendo agora? Como vê esse momento de isolamento social?

Enxergo como uma situação única. Lógico que isso e é lugar comum  em relação ao momento, mas especificamente na Educação é, realmente, um momento único, a possibilidade de estar dentro da casa das crianças , compreendendo melhor suas realidades, a conversa direta com os pais (lógico que as professoras da base já executam essa conversa, mas nós, especialistas temos pouco contato devido a natureza do nosso trabalho), a utilização de novos meios de comunicação (levando-se em conta questões ambientais, já que se utiliza na Educação muito material), o uso dos meios digitais que a princípio nos tiram da zona de conforto. Mas também abrem um leque incrível de possibilidades.

MOMENTO DE PROXIMIDADE

Enfim é um momento que por mais que estejamos todos longe um dos outros na Educação, pelas circunstâncias, nunca estivemos tão perto, no sentido de compreender a realidade do nosso objeto de estudo. É uma questão de mudar o olhar em vez de apenas (é e lógico queremos que as crianças estejam na sala de aula, para garantirmos a efetividade da Educação), perceber as coisas como perdidas. Não creio que estejam. Ao contrário, grandes coisas estão acontecendo. Acredito que quando tudo passar teremos pais mais unidos às escolas e escolas ainda mais unidas aos pais e às famílias.

 


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