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Professor aborda ‘Boas Práticas de Aprendizagem em Casa’ na pandemia

Publicada em 04/06/2020 às 18:06

A entrevista com o professor Douglas Dantas, sócio-diretor da Maestro Educação, foi uma aula clara, objetiva e prazerosa de “Boas Práticas de Aprendizagem em Casa”. A pauta foi abordada na sexta edição do Educação em Tempos de Pandemia, programa transmitido ao vivo todas as quartas-feiras, pela TVTEC nas redes sociais (Facebook e YouTube) e no Canal 24 da NET e mediado pela professora Vasti Ferrari Marques, gestora de Educação de Jundiaí.

Douglas Dantas participou de videoconferência com a gestora de Educação na TVTEC

Com maestria, o professor Douglas explicou a diferença entre Educação a Distância (EaD) e o Ensino Remoto como o vivido nesses tempos, com a pandemia do Coronavírus.

Segundo ele, a Educação a Distância tira a possibilidade do convívio com os tutores, os mestres, que precisam estar de maneira afetiva e efetiva com o estudante. “Hoje, a gente está fazendo o ensino remoto emergencial e nele os professores estão buscando manter os vínculos afetivos para proporcionar uma aprendizagem capaz de promover o ensino efetivo”, explicou. Acompanhe trechos do programa neste Entrevistão.

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VASTI – Temos aqui um vídeo mostrando pai e filho fazendo atividade de Educação Física juntos. Um dos muitos que retornam para os professores. Como você enxerga as possibilidades de aprendizagem fora da escola? 

PROFESSOR DOUGLAS – É interessante olhar para a possibilidade da Educação a Distância. Isso é uma coisa. Estamos pensando numa educação toda planejada para receber esses estudantes, a carga horária é pensada para ocorrer à distância. E quando falamos de Ensino Remoto, associamos muito ao contexto de tecnologia. Mas não necessariamente ele usa só a tecnologia. Remoto é também à distância. No Ensino Remoto preciso usar a comunicação que pode ser tecnológica, mas posso também encaminhar fichas, livros didáticos e usar muitas outras ferramentas além da tecnologia. A Educação a Distância exige muito a autonomia do estudante. E na Educação Básica essa autonomia precisa ser ensinada.  Ensinamos o aluno a desenvolver, criar a oportunidade. Outra diferença – a Educação a Distância que não é muito aconselhada para jovens e adultos, tira a possibilidade do convívio, existem tutores que precisam estar de maneira afetiva e efetiva com o estudante. A gente hoje está fazendo o Ensino Remoto emergencial e os professores estão tentando manter os vínculos afetivos para proporcionar uma aprendizagem que promova o ensino efetivo.

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Um bom professor estabelece condições favoráveis de ensino na sala de aula. Razão pela qual a adaptação a essa nova realidade tem sido uma experiência muito forte para todos nós. O que é importante para um professor pensar no que deve produzir, o que é importante no seu trabalho organizado fora da aula?

É importante entender o público-alvo. É importante trazer a ideia da equidade. Qual é a realidade que o professor encontra? Assim vai saber qual plataforma usar para promover o aprendizado. É importante conhecer essa realidade. Existem estudantes que têm acesso à tecnologia. Outros não. Tenho que promover a possibilidade de todos atingirem os recursos que vou usar. É preciso fazer curadoria das imagens. Que sejam claras, para o que for abordado. Deixar os vídeos mais curtos. Tem que ver também a plataforma para explorar suas potencialidades. Preparar o ambiente, a luz, o vocabulário para ter clareza especialmente quando fala com as crianças. Se a aula não usar tecnologia, é preciso preparar uma ficha com textos de instruções para o estudante, para a família. O professor precisa estabelecer um bom planejamento, assistir videoaulas para criar repertório cultural. Precisa observar, compartilhar o que se produz entre os próprios professores.

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Essa expertise para atingir os alunos, as crianças, requer muito mais estudos de nós, não é professor, porque na sala estamos próximos, olhando para os estudantes, não é professor?

É preciso pensar nas partes pedagógica e tecnológica. Trazer o resgate do que havia sido dado. É importante valorizar a Escola de Jovens e Adultos (EJA), que tem o desafio de manter os alunos. O retorno que a aluna dá para a professora no que vimos agora, no exemplo que foi apresentado, dá para perceber que a aluna sentiu-se acolhida. E o retorno é importante. Falando dos alunos, é importante levar afetividade para que o aluno se engaje. Lembrar uma situação, ter ouvidos para os estudantes, quando a aula realizada à distância for ao vivo. Quando a gente planeja, precisa envolver o estudante no contexto. As imagens precisam chamar atenção. Fazer o aluno analisar, e não ser passivo no processo. Criar a oportunidade de interação. Ler não é decodificar. É interagir. É possível ir parando o vídeo, anotar – é importante o professor orientar nesse sentido.

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A partilha da experiência é muito rica e entre os educadores e faz muito sentido. O conhecimento só faz sentido quando é compartilhado. A partilha da experiência entre os professores é muito rica. Sobre as habilidades socioemocionais estamos vendo a foto das crianças com a professora numa videoconferência. Todos juntos matando a saudade. Dá para trabalhar de forma remota as habilidades socioemocionais?

É muito importante olhar para o lado socioemocional. No dia dia, o professor está sempre aprendendo a aprender. É intrínseco da profissão. Compartilhar as experiências é muito importante. Quando a gente vê essa foto, é um momento de compartilhamento online. Significativo. Elas têm a possibilidade de interagir em grupo. Numa aula como essa, os alunos precisam conversar. Do primeiro ao quinto ano, alunos falam de saudade, choram, querem encontrar os amigos. As emoções vêm antes do cognitivo. Para a gente conseguir aprendizagem significativa é preciso trazer juntos o que é socioemocional. O início precisa sempre de um jogo, uma atividade para despertar a emoção e no final a mesma coisa, para despertar o desejo do aluno voltar. Tenho que planejar a aula com o socioemocional. 

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Qual é na sua opinião a relevância do professor na sala de aula remota? Do professor lembrar dos procedimentos?

Nós pudemos ver a professora falando do que ela fazia na sala de aula e no que ela propõe à distância. Isso é um grande diferencial. O estudante não perde o vínculo com o professor. Isso é importante. Ações simples como falar o nome de um aluno criam a interação. Passar orientações claras para os pais ouvirem, as crianças ouvirem, isso ajuda a não ter tantos problemas por falta de compreensão do que fazer. De modo simples, objetivo, claro. Ajuda os pais. Eles conseguem estabelecer rotina, roteiros de estudo, e a família nesse ponto é indispensável. Uma dica aos pais – se o aluno for usar seu celular, estude com ele, para que você seja referência para ele. Apoio. Muitos pais estão aprendendo com os professores estudando com os filhos.

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Qual é, na sua opinião, a melhor maneira de acompanhar a criança nesse processo de educar à distância?

Sempre dando retorno. Se é por meio da tecnologia, a própria plataforma da feedback. É preciso dar uma devolutiva que sirva de estímulo ao aluno, à criança. O feedback é a maneira de ficar próximo ao aluno. Usar o recurso da plataforma. No próximo vídeo, falar das atividades recebidas. Nunca esquecer que esse estudante produziu, ele precisa de feedback, de retorno sobre aquilo que ele construiu. Se for uma ficha, destaque o que ele fez. Não é dar nota. Nada disso. Nada de julgar. Mas ver qual habilidade você queria para a atividade. O que não ficou bom, busque em outra atividade. É preciso, também, ter um portfólio, um arquivo, de tudo que foi feito para usar no pós-pandemia para as crianças que não desenvolveram como esperado. Os feedbacks precisam ser sempre positivos.

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E como fazer comunicação assertiva com as famílias?

A gente tem um feedback quando a gente vê que a mãe ou irmã participa. Enxerga como essa família vai se engajar numa aula proposta. É importante trabalhar numa aula integrada, interdisciplinar. Não vamos encher as crianças de atividade, mas dar qualidade à atividade, roteiro, clareza, informação para a família sobre a importância da participação, para que as famílias sejam capazes de diversificar a rotina. Como fazer essa comunicação assertiva? Primeiro, sendo sempre positivos. Estamos falando de comunicação não-violenta. Dentro das casas pode haver estresse por causa das atividades que a gente manda. E a maioria dessa pressão acontece quando a escola não manda atividades interdisciplinares. E aí cada professor manda uma quantidade exagerada de coisais. A gente precisa dosar a quantidade, melhorar a qualidade e integrar os conhecimentos, não fragmentá-los.

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Uma das professoras nos pergunta sobre o WhatsApp Рo que voc̻ pode falar sobre o uso dessa ferramenta?

É um recurso que está na palma da mão. É um método dos mais usados. Pais têm acesso. Estudantes têm acesso. O importante é usá-lo para chegar aos estudantes. Produzir atividades para chegar de maneira clara. Outra coisa, quero aproveitar para dar uma dica aqui, para quem estiver fazendo aula por meio do Google Meet, tem um recurso que possibilita a colocação de legendas para o que o professor está falando ao vivo. Ativem esse recurso. Tem aluno que gosta de ir lendo. Capta melhor. É inclusivo para todos. Vale a pena.

(Texto: Equipe TVTEC/ Imagem: Reprodução Internet)


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