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Educadora mostra elo entre conceitos de criança e aprendizagem

Publicada em 10/07/2020 às 10:49

Vasti e a entrevistada Ana Teresa Mariotti

Autoaprendizagem, coaprendizagem, interação, construção de conhecimento pelos pequenos, qualidade da Educação na primeira infância – estes foram alguns dos assuntos abordados no Educação em Tempos de Pandemia, transmitido ao vivo pela TVTEC nas redes sociais – YouTube e Facebook – e pelo Canal 24 da NET.

O tema do programa foi Bebês e Crianças Pequenas em Tempos de Pandemia e Distanciamento Social – Aprendizagem e o Desenvolvimento Integral. A entrevistada foi a professora jundiaiense Ana Teresa Gavião Almeida Marques Mariotti, diretora de Formação da Fundação Antônio Antonieta Cintra Gordinho (FAACG) e membro do Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo. Ela abordou a ligação estreita entre os conceitos de criança e de aprendizagem.

O programa começou com um vídeo apresentado pela professora Ana Teresa, produzido na FAACG, intitulado “Vivências em Conexão”, que mostra crianças interagindo, explorando o universo dos sons e ritmos, em contato com a natureza ou com seus pais em atividades domésticas ou de aprendizado.

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VASTI – Ver essas cenas aperta o coração de saber que as escolas estão vazias neste momento. Comente um pouco o que vimos.

ANA TERESA – Ele traz e conta, narra um pouco das experiências de Educação Infantil que a gente tem realizado na Fundação Cintra Gordinho. Ele narra as experiências que a gente fez e as famílias fizeram e nos enviaram. Na Fundação, escolhemos informar e dialogar com as famílias a partir dos direitos da Base Curricular Nacional Comum.

Sujeitos de direito

Anteriormente a essa comunicação e decisão, escolha de enfatizar uma proposta ligada a um direito, nós estudamos muito o que significa aprendizagem na Educação Infantil. Esse conceito de aprendizagem, declarado pela base, está muito ligado e conectado ao conceito de criança, à ideia de que mesmo os bebês, as crianças bem pequenas, são sujeitos de direitos e sujeitos históricos e que nas suas interações, nas relações e nas práticas cotidianas vivenciam, brincam, imaginam, fantasiam, aprendem, observam, descobrem e constroem sentidos sobre a vida, sobre a natureza e sobre a sociedade.

Interações e relações

A partir desse conceito de criança, muito interligado ao conceito de aprendizagem, a gente decidiu propor às famílias que esses observassem as crianças nas suas potencialidade, na sua capacidade de viver a experiência, de agir por si. No site da Fundação, as propostas de aprendizagem estão definidas com base no direito, interligado ao conceito de criança que a Base Curricular declara. A interação, a relação é vital para a criança.

Revolução cognitiva

Eu me lembrei de alguns estudos do Bruner (Jerome Bruner, 15 de outubro de 1915/5 de junho 2016), grande teórico, pesquisador e psicólogo que fundou na Harvard o Centro de Estudos Cognitivos nos anos 1960. Ele começou a estudar os bebês e e uma das primeiras experiências foi associar a mamadeira a uma imagem. Quanto mais o bebê sugava, mais a imagem ficava viva. O que descobriu foi que a criança escolhia as imagens mais desafiadoras para sugar mais. A conclusão foi que os bebês, desde sempre, fazem a escolha por algo complexo, algo desafiador.

Conceitos de Bruner

Ele prosseguiu seus estudos definindo dois conceitos muito importantes para os bebês, desde o nascimento: eles nasce com a vontade de agir, desejo de agir e nascem interativos, com o desejo e necessidade de se relacionar. Desde muito pequenos os bebês tem esse potencial.

(Vasti apresenta novo vídeo de uma criança, o Pedro Silva Sena Angos, da Emeb Waldemir Savoy, batendo numa caixa de papelão para tentar seguir o ritmo de seu pai que toca violão).

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A gente vê quanto é importante a interação da criança com seus pais, com os adultos. Há uma relevância do contato físico nesse fase de desenvolvimento, Ana.

Eu fiquei entusiasmada quando vi esse vídeo porque o pai não faz para o filho. Ele convida o filho a fazer com ele. É muito interessante como, por vezes, a gente antecipa aquilo que a criança pode fazer sozinha. Eu me lembro de uma criança com síndrome de down que tinha outro tempo para caminhar e a gente o carregava para os locais onde precisávamos ir.

Generosidade da criança

As crianças são generosas nesse sentido. E compreendem o tempo da criança. Numa dessas saídas, as crianças seguraram o menino que a gente carregava e pediram para ele andar. E de repente ele começou a andar. Nós, adultos, muitas vezes antecipamos as ações.

Necessidade de contato

Esse contato pode acontecer também na conversa, no toque, no olhar. Fico pensando: os bebês a gente se comunica muito com eles segurando, aconchegando, carregando, não só os bebês mas as crianças maiores também. Nesse momento de distanciamento social, nós estamos sentindo a vontade que dá de abraçar as pessoas. Isso está comunicando nosso afeto.

Questão cultural

Voltando àquilo que o Bruner dizia, que as crianças são interativas porque a cultura está na nossa mente, mas está no nosso modo de interagir. E o toque, para nós brasileiros – e para os bebês isso é essencial – está na nossa cultura.

ASSISTA A TELECONFERÊNCIA NA ÍNTEGRA


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