Esteticista vítima de racismo cria touca para cabelos crespos
No começo do mês, a esteticista Cristiane Boneta, uma mulher negra de cabelo black power, foi ao dentista para fazer uma cirurgia que estava agendada. Ao chegar no consultório, ouviu da secretária que deveria guardar os sapatos e a bolsa em um saco de lixo e usar outra bolsa semelhante para “se vestir” e cobrir os cabelos. O que seria um dia normal de cuidado com a saúde se tornou um episódio traumático de racismo.
Em entrevista ao “Uol”, Cristiane afirmou que estranhou o pedido para que colocasse seus pertences pessoais ali, mas a sugestão para que fizesse o mesmo com os cabelos foi o que a fez ficar tremendo. “(Ela disse:) esses aqui são para você vestir. E como seu cabelo é volumoso e não cabe em uma touca, você vai ter que colocar um saco nele também”, lembra ela sobre as palavras da secretária.
Depois de ser alertada por amigos e seguidores nas redes sociais, ela decidiu mover uma ação contra o consultório odontológico. O episódio a fez ter crises de ansiedade e insônia, o que a fez procurar uma terapeuta. A situação foi registrada em fotos e o relato, contado nas redes sociais, onde a esteticista recebeu muito apoio.
Das mensagens que recebeu, viu uma nova oportunidade para ajudar outras mulheres negras a não passarem pelo mesmo constrangimento: uma empresa especializada em produzir equipamentos de proteção individual (EPI) ofereceu uma parceria para produzir EPIs adequadas para cabelos afro, como dreads, tranças e o próprio black power. Elas também decidiram fazer uma linha para pessoas obesas, cujos corpos não são lembrados em modelagens do tipo.
(Fonte: Hypeness/Foto: Arquivo Pessoal)