De Jundiaí para os palcos da Xuxa

Quem foi criança na década de 80 e 90 provavelmente acompanhou o “Xou da Xuxa”, programa infantil apresentado por Xuxa Meneghel. E quem não se lembra também das famosas “paquitas”, o grupo de dançarinas que acompanhava a apresentadora?

Lindas e loiras, as paquitas eram o sonho de muitas meninas que desejavam se apresentar ao lado de Xuxa. O que poucos sabem é que uma aluna dos cursos oferecidos pela TVTEC, moradora de Jundiaí, conseguiu realizar este sonho e fazer parte das paquitas.

Em 2003, a jundiaiense Daiane Ciarrocchi, 34 anos, fez parte do “O Mundo da Xuxa”. Como o fim do programa televisivo, a apresentadora apostou em um parque temático em São Paulo capital e recrutou atrizes e dançarinas para sua nova trupe. Dentre elas, estava Daiane que trabalhava desde pequena como atriz mirim. “Nessa época não existia mais paquitas no programa e eu nunca poderia imaginar que ainda teria essa chance. Foi meu sonho de criança, eu escrevia cartas e colocava no correio sonhando que um dia ela ia ler e me chamar”, relembra Daiane. “Eu participei das audições sem saber o que seria, achava que era uma peça de teatro ou musical. Até que de uma janela eu pude ver parte da cenografia do parque com muito “X” por toda parte”.

A então atriz relembra que não sabia dançar e não imaginava que pudesse ser escolhida. “Eu não era bailarina, nunca tive oportunidade de estudar dança quando criança. Aconteceu porque tinha que ser”.

Por conta dessa oportunidade, a ex-paquita conta que muitas portas se abriram. “Tive muitas oportunidades de trabalho no teatro, em navios e até passei um tempo em Londres, mas sempre que eu estava em outros trabalhos, nosso diretor de elenco do parque me chamava para novas oportunidades. Ao longo dos anos, eu também coreografei e apresentei shows e fiz outros personagens onde fiquei até 2012, quando tive minha filha”, lembra.

Sobre seu relacionamento com a ‘rainha dos baixinhos’, Daiane se lembra com muito carinho. “Ao longo dos anos participei de inúmeros eventos com ela. Foram oito anos, com muito orgulho, aprendi muito sobre ser artista e apesar de não conviver todos os dias com ela pessoalmente, fazer parte daquele mundo me fez admirar tudo o que ela representa para tantas pessoas que se sentem representadas por ela. Ela é um ser humano especial e uma artista incrível”, diz.

Daiane se lembra de seu primeiro momento com a roupa, o quepe e a bota, o figurino clássico da paquita. “Eu me atrapalhei toda com o cabelo, ela tirou meu quepe, arrumou meu cabelo colocou corretamente e disse: ‘agora sim é uma paquita’. Eu nunca vou me esquecer”.

Mas para quem acha que trabalhar como paquita era ‘só flores’, se engana. “Como eu não quis sair de Jundiaí e não tinha condições financeiras de morar em São Paulo, eu ficava seis horas por dia no trem. Eram três horas para ir e mais três na volta, indo direto para escola. Meus amigos e diretores de lá falavam que eu era a paquita Jundiaí”, se diverte.

(Texto: TVTEC/Imagens: Arquivo Pessoal)