Governo de SP lança programa para oferecer absorventes nas escolas
O governo de São Paulo anunciou nesta segunda-feira (14), a destinação de R$ 30 milhões para a compra de produtos de higiene menstrual pelas escolas estaduais. O recurso será alocado por meio do programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Pesquisas já mostraram que a pobreza menstrual, ou seja, a escassez de recursos para cuidados íntimos durante a menstruação, afasta as meninas dos estudos.
O programa lançado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), foi batizado de Dignidade Íntima. Também participaram do evento de lançamento o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, e a deputada federal Tabata Amaral, autora de um projeto na Câmara dos Deputados para a entrega de absorventes nas escolas.
Além da destinação de recursos para a compra de absorventes pelas escolas, o programa também prevê a formação dos profissionais para que saibam abordar o tema com as adolescentes. “Esse é um grande tabu que temos no País. Fomos ensinadas desde cedo que a menstrual é suja, temos de ter vergonha e esconder os absorventes”, disse Tabata.
Segundo Rossieli, o número de meninas que deixam de ir às aulas durante o período menstrual é maior entre as adolescentes em situação de vulnerabilidade. A estimativa do governo paulista é de que o programa atenda 1,3 milhão de meninas entre 10 e 18 anos. Desse total, mais de 500 mil possuem cadastro no CadÚnico e são consideradas vulneráveis, enquanto que 330 mil estão em situação de extrema pobreza.
“Imaginem o quanto as meninas se prejudicam porque não conseguem nem sequer pedir ajuda e não tem a quem recorrer. O assunto precisa ser tratado com discrição e carinho”, disse o secretário.
Uma pesquisa brasileira divulgada no mês passado indicou que uma em cada quatro alunas já faltou às aulas por não ter condições de manter a higiene durante a menstruação. Estudo lançado no mês passado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostrou que 713 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou a chuveiro em casa.
O estudo indicou ainda que 4 milhões sofrem com pelo menos uma privação de higiene nos colégios, o que inclui falta de acesso a absorventes e instalações básicas nas escolas, como banheiros e sabonetes. Dessas, quase 200 mil alunas estão totalmente privadas de condições mínimas para lidar com a menstruação na escola.
Nos últimos meses, tem crescido no Brasil a pressão de movimentos de mulheres contra a pobreza menstrual. No mês passado, o governo do Maranhão já havia anunciado a distribuição de absorventes a estudantes da rede pública estadual. E o Distrito Federal publicou uma lei em janeiro deste ano que prevê a entrega de absorventes a mulheres e adolescentes de baixa renda nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e escolas da rede pública.
(Fonte: Estadão/Imagem: Paulo Liebert/AE)