Car-T Cell: entenda a terapia contra o câncer que Fernandinha fez no exterior após arrecadar dinheiro
A adolescente Fernanda Manzutti, de 12 anos, comemorou a alta do hospital em São Paulo, na quarta-feira (2), após 75 dias internada. Fernandinha, de Jundiaà (SP), luta contra o câncer agressivo há quase dois anos e apresentou remissão com a terapia CAR T-Cell, um método promissor relembrado por especialistas nesta sexta-feira (4), o Dia Mundial do Câncer.
Em maio do ano passado, a famÃlia deu inÃcio a uma campanha para arrecadar cerca de R$ 8 milhões para custear a terapia, que não é aplicada no Brasil e inicialmente seria realizada nos Estados Unidos. O tratamento foi feito na Espanha com a ajuda de doações.
Segundo os especialistas, a terapia CAR T-Cell consiste em habilitar linfócitos T, células de defesa do corpo. Elas são injetadas depois que são modificadas para rastrear e matar as células tumorais.
“O Car T-Cell é a terapia mais promissora para o câncer no sangue em estágio avançado, como linfomas e leucemias. Mas ainda não existe no Brasil”, disse o médico Vanderson Rocha, que trabalha com hematologia e terapia celular.
De acordo com o oncologista do Hospital São Vicente de JundiaÃ, Arthur Maia Gomes Filho, na segunda fase da terapia é preciso baixar a imunidade natural do paciente para que o corpo não reconheça o linfócito modificado como inimigo.
“Com o nosso linfócito modificado já dentro do organismo do paciente precisamos estimular ele a trabalhar e se proliferar ao mesmo tempo em que drogas capazes de ‘desligar’ a camuflagem do câncer atuam. O efeito dessa orquestra bem afinada tem animado a todos com respostas brilhantes em paciente que muitas vezes não tinham mais terapias a serem realizadas.”
Segundo o oncologista, a terapia segue com entraves, principalmente econômico no Brasil.
“Uma vez que esse linfócito necessita ser individual para cada paciente e para cada doença, tornando todo o processo muito caro.”
“Sem nenhuma dúvida, a terapia celular é, no presente, a terapia mais moderna no tratamento do câncer, mas com o passar do tempo e desenvolvimento tecnológico tem todo o potencial para se tornar a nova realidade do tratamento de doenças malignas”, disse Arthur.
No caso da Fernandinha, a adolescente de Jundiaà conseguiu o tratamento contra a Leucemia Linfóide Aguda (LLA) na Espanha, no ano passado. Ela voltou em 15 outubro após o tratamento Car-T Cell e ficou apta ao transplante de medula óssea, que foi realizado em 3 dezembro do ano passado.
“Passou pela terapia, reduziu bastante as células da leucemia, voltou e passou por um transplante de medula para zerarmos a doença. Tanto lá quanto aqui enfrentou efeitos colaterais fortÃssimos. Ainda tem uma caminhada pela frente, mas está cada dia melhor. Se não fosse o Car-T Cell, talvez não estivesse mais entre nós”, escreveu o especialista Vanderson Rocha.
(Fonte: g1/Imagem: Arquivo Pessoal)