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Brasil já é o terceiro país com mais casos da nova varíola do mundo

Publicada em 23/08/2022 às 09:25

Com 3.788 casos diagnosticados de varíola dos macacos até este domingo (21), o Brasil superou o Reino Unido e a Alemanha, e agora é o terceiro país com mais doentes confirmados no mundo. Segundo o boletim mais recente do Ministério da Saúde, outros 4.175 casos são considerados suspeitos e aguardam resultado do exame RT-PCR para confirmar ou descartar a doença.

Os Estados Unidos são o país com mais casos até agora, 14.594, segundo o boletim mais recente do Centro de Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês), seguidos da Espanha, que até a última quinta-feira (18) já contava 5.792 pacientes que contraíram o vírus.

Na sexta (19), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, por unanimidade, acelerar a importação de medicamentos e vacinas contra a varíola ainda sem registro no Brasil, mas já aprovados em outros países. Com isso, a agência determinou que os pedidos de importação terão prioridade no processo de avaliação, e a resposta deverá ser dada em até sete dias úteis.

Foto: Canva

Testagem ainda é insuficiente, diz virologista

Para o pesquisador e professor universitário Amilcar Tanuri, chefe do Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Brasil precisa ampliar a testagem de casos suspeitos, incluindo a busca de casos em toda a população com sintomas, para poder controlar o contágio do vírus, que foi confirmado em humanos pela primeira vez em 6 de maio, e apareceu no Brasil um mês depois, em 8 de junho.

“Nós fizemos a estimativa no sentido que a gente teria que ter pelo menos uma taxa de positividade de 10%”, explicou ele à TV Globo. Isso significa que, a cada dez testes feitos, apenas um teria resultado positivo. A taxa ideal de 10% adotada por Tanuri segue parâmetros definidos para outras doenças infecciosas, como a dengue.

No entanto, um balanço do laboratório de Tanuri, que coordena a testagem para os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, indicam uma taxa de positividade cinco vezes mais alta, de 49%.

Já dados obtidos pela produção do SP1 junto à Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo (SES-SP) mostram que a positividade entre a população paulista desde 1º de agosto foi de 34%, mais de três vezes mais alta, considerando mais de 4 mil testes feitos na rede pública e nos laboratórios privados.

Em nota, a SES-SP afirmou que o Instituto Adolfo Lutz (IAL), referência na testagem no Estado, “credenciou outros 16 serviços privados e universitários para o processamento de amostras da doença”, e disse que “a rede também possui a unidade Central do Lutz, na Capital, e outras 12 unidades regionais. As amostras são utilizadas para análise epidemiológica e genômica”.

Para Atila Iamarino, virologista e divulgador científico, a alta taxa de positividade é um indicativo de que São Paulo não tem feito o suficiente para frear a circulação do vírus.

“O ideal seria a gente estar rastreando mais contatos, indo atrás das pessoas que tiveram contato, ou dividiram espaço, ou dividiram toalha, lençol, ou fômites [objetos inanimados que podem transportar organismos contagiosos], que a gente fala, com pessoas com monkeypox, para testar todo mundo e poder isolar todos os casos ao redor. Fazendo esse tipo de isolamento de contatos, a gente consegue conter a transmissão do vírus e atrasar muito a circulação dele por aqui”, afirmou Iamarino ao SP1.

Higiene das mãos é a melhor forma de prevenção

Tanuri ressalta ainda que, no caso da varíola, a máscara facial não é a principal forma de prevenção, já que o vírus é transmitido pelo contato próximo da pele e por objetos compartilhados.

“Você pode inocular o vírus coçando o rosto, colocando a mão no olho. A inoculação pelo ato sexual a gente já viu que é muito efetiva. Mas o que a gente tem visto é que a fase em que você transmite é quando tem as pústulas. No Rio a gente teve um caso de uma adolescente que não teve relação nenhuma. Isso mostra que o vírus tem capacidade sim de espalhar.” (Amilcar Tanuri, virologista da UFRJ)
Ainda de acordo com o especialista, nos casos de resultado positivo do teste, o isolamento formal de sete dias pode não ser suficiente para evitar a transmissão do vírus.

“A pessoa continua infecciosa até as crostas caírem, até resolver aquela lesãozinha. Não é uma semana só”, alertou Tanuri.

“O vírus é sensível ao álcool 70, aos detergentes normais, se você lavar a mão. A higiene pessoal nossa tem que ser mantida. Não levar a mão ao rosto e lavar a mão sempre”, disse ele. “A gente sabe que esse vírus fica ativo pelo menos 90 horas, é bem estável no meio ambiente. É possível sim [a transmissão, se a pessoa encostou numa superfície, deixou os vírus aí, depois a outra pessoa encostou.”

(Fonte: g1/Imagem: Canva)


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