Cuidados paliativos: saiba mais sobre a importância da assistência humanizada
O processo de adoecimento é complexo e necessita de atenção especial e multidisciplinar das equipes de saúde na maioria dos diagnósticos. O medo e a falta de conhecimento sobre as doenças, tratamentos ou suas complicações, podem causar ainda mais confusão no paciente e seus familiares. Recentemente, a imprensa nacional divulgou que Pelé, ex-futebolista brasileiro e considerado um dos maiores atletas de todos os tempos, não responde mais ao tratamento quimioterápico e está sob cuidados paliativos, termo que gerou dúvidas na população.
A especialidade de Cuidados Paliativos consiste em uma série de intervenções em saúde para promover qualidade de vida e controle de sintomas. Os cuidados são indicados para pacientes em qualquer idade, desde bebês até idosos, e para todo tipo de doença que ofereça ameaça à vida, como neoplasias, insuficiência cardíaca, insuficiência hepática, pacientes neurológicos, e muitas outras patologias. A equipe de profissionais do serviço no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV) é formada por médicas, fisioterapeutas, psicólogas, fonoaudiólogas, assistentes sociais, profissionais da odontologia, enfermeiras e um capelão, que oferece suporte espiritual. A equipe atua em todos os setores da instituição.
“Os cuidados paliativos abrangem todo cuidado indicado para o paciente, toda intervenção que for ajudar, todo medicamento capaz de reduzir sintomas. O mais importante nesse processo é avaliar individualmente cada caso para compreender a necessidade do paciente e da família. A premissa é principalmente tentar reduzir o sofrimento atrelado ao processo de adoecer. É um acontecimento que muda muitas coisas na vida e com isso vem o sofrimento. A ideia de ter uma assistência voltada para esse momento, com embasamento técnico-científico, é utilizar todos os meios disponíveis para promover qualidade de vida, mesmo diante das doenças”, explica Bruna Vazamim Cumpri, médica clínica e paliativista.
Humanização
Fundamental para a abordagem e condução dos casos, a humanização é encarada como mais um membro da equipe, auxiliando no cuidado e ofertando condições, conforto e bem-estar ao enfermo. A equipe se mantém disponível e atenta a todo tipo de necessidade do paciente e de seus acompanhantes. “Se existem questões de cunho psicológico que necessitam intervenção, prontamente acionamos a psicologia, da mesma forma que tentamos enxergar qual a necessidade e o benefício de agregar demais membros da equipe multidisciplinar”, conta a paliativista.
“Como estamos voltados para as demandas e sofrimento de maneira próxima e constante, sempre procuramos minimizar o fato de estarem internados, longe das famílias e assim por diante. Existe um esforço coletivo para responder as dúvidas dessas famílias e, se necessário, realizar reuniões para esclarecer o plano de cuidados e compartilhar a maneira como esse paciente será cuidado. Também adaptamos as dietas e oferecemos as melhores acomodações, além de outras ações, sempre com foco em diminuir o sofrimento de todos”, esclarece Bruna M. Fernandes Nunes, geriatra e pós-graduada em cuidados paliativos.
Tabu
Infelizmente, cuidados paliativos ainda são vistos com distorção pela sociedade. “Na última semana encontrei uma amiga de infância. Não nos víamos há uns 20 anos e nesses casos sempre surgem alguns diálogos sobre como está a vida de cada uma. Contei que era médica paliativista e ela me disse que isso era triste. Infelizmente há essa correlação imediata nas pessoas, de que cuidados paliativos têm a ver com o fim e a morte. Todos que trabalham com saúde acabam lidando com essas situações. Porém, gosto de enxergar os cuidados paliativos como pequenos recomeços. Faz parte do trabalho em equipe poder auxiliar alguém que não caminhava há semanas e presenciar os primeiros passos ao sair do leito. Parece pouco, mas quando se está doente pequenas vitórias significam muito. Nosso dia a dia é repleto dessas pequenas vitórias e recomeços”, compartilha por fim Bruna Vazamim.
(Fonte/Imagens: Assessoria Hospital São Vicente)