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Capoeira “invade” a cidade no mês da Consciência Negra

Publicada em 06/11/2025 às 15:29

Praça Mestre Bimba

Mais do que um encontro de capoeiristas, o CTDC – Centro de Treinamento Dorta Capoeira, sob a organização do Mestre Dorta, realizou ao longo desta semana, um evento especial que celebra a capoeira e a cultura popular brasileira.

Segundo Mestre Dorta a promoção é um “esquenta”, já que oficialmente a praça que passou por uma revitalização realizada pelas equipes da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (SMISP), que concluiu uma série de melhorias no espaço como poda das copas das árvores, roçagem dos canteiros, plantio de mudas ornamentais, pintura da arquibancada e da roda de capoeira, além da instalação de um novo poste com iluminação em LED será entregue no dia 27, em solenidade que contará com a presença do prefeito Gustavo Martinelli.

Semana da Capoeira

Desde o início da semana o CTDC – Centro de Treinamento Dorta Capoeira, sob a organização do Mestre Dorta desenvolve uma programação que reúne uma série de atividades voltadas para alunos, professores e comunidades parceiras, promovendo vivências que integram música, movimento, arte e tradição.

Além das vivências práticas da capoeira, o evento também trabalha a literatura de cordel e a xilogravura, com oficinas em que crianças, jovens e adultos puderam criar suas próprias obras, ampliando o repertório cultural e fortalecendo o vínculo com as raízes da cultura popular.

Durante a semana, capoeiristas de escolas, academias e projetos sociais da cidade participam de oficinas, rodas e apresentações, culminando na tradicional troca de graduações, momento simbólico que representa o crescimento e a trajetória de cada participante dentro da arte da capoeira.

Mestre Bimba

Quem foi Mestre Bimba, personalidade que dá nome a praça em Jundiaí? Manoel dos Reis Machado – 1899–1974 nasceu em 23 de novembro de 1899, fruto da união de Luís Cândido Machado e Maria Martinha do Bonfim. Veio ao mundo no bairro do Engenho Velho de Brotas, em Salvador (Bahia). Seu apelido surgiu de uma aposta entre sua mãe, que acreditava esperar uma menina, e a parteira, que apostava em um menino. Ao nascer, a parteira exclamou: “Eu ganhei! Tem bimbinha! É um menino!”
Desde então, passou a ser chamado de Bimba.

Antes de se tornar mestre da Capoeira, exerceu várias profissões: carroceiro, pedreiro, marceneiro, estivador e trapicheiro. Mas seu maior feito foi transformar uma manifestação negra marginalizada — até então criminalizada pelo Código Penal — em um instrumento de educação, resistência e transformação social.

Mestre Bimba deu seus primeiros passos na Capoeira em 1912, aos 12 anos, sob a orientação de Bentinho, africano descendente de escravizados. Após seis anos de prática, percebeu que a Capoeira enfrentava um processo de descaracterização e possível extinção. Determinado a reverter esse cenário, criou, em 1928, seu maior legado: a Capoeira Regional.

Fundindo elementos do batuque — luta africana quase em desuso — com os movimentos da capoeira tradicional, Mestre Bimba criou um método sistemático de ensino, com princípios, sequências, rituais, uniformes e disciplina. Chamou sua arte de Luta Regional Baiana, hoje conhecida como Capoeira Regional.

Seu propósito era preservar as origens negras da Capoeira e, ao mesmo tempo, torná-la reconhecida como uma prática de valorização humana. Ensinou em centros urbanos, bairros populares, clubes sociais, quartéis, escolas e residências. Apresentou sua Capoeira dentro e fora da Bahia, inclusive para dois presidentes da República: Getúlio Vargas (1953) e Emílio Garrastazu Médici (1971).

Mestre Bimba acreditava na Capoeira como ferramenta múltipla: luta, arte, dança, esporte, folclore, jogo, terapia, e, acima de tudo, instrumento de socialização e autoestima. Ensinou a todos, sem distinção de classe, cor ou crença, sempre valorizando o caráter.

Graças ao seu trabalho incansável, a Capoeira foi retirada do Código Penal, ganhou o respeito da sociedade e ultrapassou as fronteiras do Brasil. Hoje, é praticada em mais de 150 países e foi reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Seu legado vive em cada roda, cada berimbau e cada ginga ao redor do mundo.

Confira a programação:

Fonte / Imagem: Arquivo Pessoal


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