Hospital São Vicente homenageia profissionais no Dia da Mulher
Muitas mulheres poderiam ser citadas e homenageadas neste Dia Internacional da Mulher, todas com histórias, realizações e exemplos de vida que despertam respeito e admiração. No Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), as mulheres são presenças importantes desde o início de sua história, 120 anos atrás. As primeiras a cuidar dos pacientes foram as irmãs franciscanas, sob comando de Madre Cecília do Coração de Maria.
Atualmente, o hospital e as demais unidades sob sua administração (Prontos Atendimentos Central, Retiro, Hortolândia e Ponte São João, Samu – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência; Saec – Serviço de Atendimento a Pacientes Especiais e Crônicos; e Estratégia Saúde da Família), somam mais de 2.200 mulheres – de cerca de 2.800 funcionários. Como forma de enaltecer a importância de todas elas, especialmente na área da saúde, serão contadas três histórias que unem superação, enfrentamento e dedicação ao próximo.
Do outro lado
Conhecida pelo sorriso largo, tom descontraído e simpático, nem todos sabem os desafios vivenciados pela médica cirurgiã geral Tatiana Ricetto Canavezzi, 44 anos. Em 2014, ela descobriu um câncer de mama e se viu em meio a sessões de quimioterapia e até a mastectomia. “Não foi um período fácil. Como médica, eu me vi sendo cuidada e não mais cuidando dos outros e isso foi difícil de enfrentar. Além disso, por ser da área, eu sabia de todos os riscos e todas as consequências do problema que eu estava enfrentando, muito mais que um leigo, com isso eu sofri o dobro. Também tinha meus filhos pequenos, precisei parar de trabalhar – o que foi mortal para mim e precisei fazer terapia”, relembra.
Em 2016, “doutora Tati”, como é carinhosamente chamada, voltou à ativa e, apesar das inseguranças e do momento delicado, com uma certeza: “Por incrível que pareça, o câncer me tornou uma pessoa melhor. Parece um jargão, mas você passa a enxergar a vida de outra forma, se torna mais simples, começa a não ver mais dificuldade onde você via e, principalmente, começa a agradecer cada dia, cada instante e cada momento, por mais simples que sejam”.
A relação com a profissão escolhida também se transformou. “Desde então, eu que sempre tive muita empatia pelas pessoas, me tornei ainda mais empática. Hoje eu sei o que é receber sangue, porque eu recebi; eu sei o que é viver os sintomas de uma quimioterapia, porque eu fiz; eu vejo o olhar de angústia de um paciente e eu sei o que ele está sentindo”, relata emocionada. “E o que sobrou de mim nisso tudo, é uma pessoa mais bonita, mais grata, porque eu tive uma segunda chance de viver, de ver meus filhos crescerem, de voltar ao meu trabalho e é por isso que procuro estar sempre sorrindo”.
Muitas “doutoras Tatis” podem estar vivendo desafios parecidos neste momento e por isso ela as aconselha. “Eu gostaria de dizer a todas para se olharem mais, se cuidarem, se gostarem e se priorizarem. Que não aceitem menos do que merecem, que não aceitem desrespeito, porque a mulher tem um papel importantíssimo. Sabem dominar, detonam em tudo o que se comprometem a fazer, sabem se impor e comandar, são poderosas e bonitas. Foi tudo isso que eu descobri no momento difícil que eu vivi. Aprendi às duras penas a me amar e respeitar e a exigir isso das outras pessoas também”, conclui.
No olho do furacão
No final de 2019 o mundo começava a falar sobre a COVID-19 e o que parecia uma ameaça distante se aproximava da realidade brasileira. Em fevereiro de 2020 o primeiro caso foi confirmado no Brasil, desde então, a vida da médica intensivista Milena Leão, 42 anos, nunca mais foi a mesma. À frente da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HSV, principal referência para pacientes críticos da pandemia, numa região de cerca de 900 mil habitantes, a médica viveu dias de trabalho intenso, de sentimento de impotência, de fé e esperança.
Ela foi a segunda profissional da saúde do município a ser imunizada contra a COVID-19, em meados de 2021. “Tudo o que eu vivi aqui, só me mostrou que toda mulher é maravilha. Mas jamais pensei em desistir. O São Vicente nunca teve uma mulher à frente da coordenação de uma UTI e hoje eu estou aqui. Isso demonstra o quanto a instituição reconhece e valoriza o trabalho feminino”, diz.
A médica relata que para superar os momentos mais delicados da rotina de uma UTI, incluindo os vividos nos últimos três anos, um dos principais diferenciais é a sensibilidade. “Na minha opinião, o cenário ideal para a saúde é mesclar, uma força complementa a outra. Mas acredito que as mulheres têm uma forma diferenciada em conversar com a família, compartilhar decisões, acolher o paciente e outras situações que são mais fáceis para a figura feminina, em relação à masculina”, exemplifica.
Milena integra um grupo de intensivistas de todo o Brasil e sua percepção é de que, atualmente, há um maior interesse das mulheres pela área médica. “É gratificante perceber que a mulher vem ganhando mais espaço dentro da medicina. Antigamente eu via as mulheres com mais frequência em especialidades como pediatria e dermatologia, mas hoje estão em todas as especialidades, isso demonstra que a tendência é que se iguale do ponto de vista de número de profissionais, pois do ponto de vista técnico já está visível a capacidade”, comemora.
Desejo de infância
Na infância, a enfermeira Tamires Salles, 29 anos, já tinha certeza do caminho que queria seguir. “A minha tia era enfermeira e eu, ainda pequena, me inspirava nela”, relembra. E foi com essa determinação que ela foi parar no interior da Bahia, na cidade de Macururé, quando teve a oportunidade de participar do Projeto Rondon, dez anos atrás, em 2013. A iniciativa é do Governo Federal, coordenada pelo Ministério da Defesa.
A enfermeira explica que o projeto tem como foco principal possibilitar a participação dos estudantes universitários – de diversas áreas – em processos de desenvolvimento local sustentável, em comunidades menos assistidas, fortalecendo a cidadania.
“Desde que entrei na faculdade de enfermagem, na Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), eu já queria fazer parte deste projeto, sempre achei muito interessante. Mas para entrar, eu precisava ter uma certa carga horária de curso e quando completei eu me inscrevi. Ficamos por 15 dias no mesmo alojamento que os profissionais de Roraima, das áreas de Educação, Saúde, Jornalismo, Marketing, entre outras”, relembra.
Hoje, Tamires é a enfermeira coordenadora do Pronto Socorro Adulto do HSV e coloca em prática esta e outras vivências que a tornaram uma profissional com foco integral no paciente, que cuida da doença, sem descuidar da humanização. “O meu objetivo sempre foi ajudar a população, oferecer suporte aos mais necessitados e praticar a empatia e humanização. Que isso seja um estímulo para outras pessoas que desejam fazer o bem, participar de alguma missão humanitária”, diz.
(Fonte/Imagens Assessoria Hospital São Vicente)