Após erradicação, sarampo, pólio, difteria e rubéola podem voltar ao Brasil
Doenças como sarampo, poliomielite, difteria e rubéola podem voltar a ameaçar o Brasil. Desde 2016, o sarampo foi considerado erradicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) após identificar que o paÃs não registrou circulação do vÃrus no perÃodo de um ano. Quanto a pólio, o Ministério da Saúde informou que há alto risco de retorno da doença, erradicada desde 1994, em 312 municÃpios brasileiros. Já a difteria, OMS também notificou surtos na Venezuela e no Haiti. No Brasil, há seis casos suspeitos da doença relatados neste ano aguardam confirmação.
Os alertas acima colocam em evidência doenças que estavam controladas graças à vacinação em massa, mas que ameaçam caso a imunização sofra quedas. Entre 1º de janeiro e 23 de maio deste ano, foram registrados 995 casos de sarampo no paÃs (sendo 611 no Amazonas e 384 em Roraima), incluindo duas mortes, segundo a OMS.
A preocupação com a polio se dá pelo fato de que houve registro da doença na vizinha Venezuela e a circulação do vÃrus em 23 paÃses nos últimos três anos. “A volta da poliomielite, doença que não tÃnhamos há mais de 20 anos, poderá significar uma situação grave para o Brasil”, disse à BBC News Brasil a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues.
“Entre as doenças já controladas no paÃs, destaco preocupação com a poliomielite, a rubéola congênita e, como estamos vendo, o sarampo, que poderá se espalhar para outras regiões do Brasil” afirma o diretor da Divisão de Ensaios ClÃnicos e Farmacovigilância do Instituto Butantan, Alexander Roberto Precioso. “É preciso aumentar a cobertura vacinal da população contra essas doenças.”
Em alerta emitido no dia 28 de junho, o Ministério da Saúde explicou que municÃpios que não conseguiram atingir nem 50% da cobertura vacinal nos últimos anos estão na lista de maior risco para a volta da pólio. Cidades da Bahia e do Maranhão são as que menos imunizaram seus moradores nos últimos anos, tendo vacinado apenas 15% da população.
Além disso, das vacinas que crianças de dois meses e quatro meses de idade devem tomar, a poliomielite tem sido a única que não consegue ultrapassar 85% de vacinados, seja na primeira ou na segunda dose. São duas as vacinas que previnem a poliomielite: a VOP, Vacina Oral Poliomelite, aplicada via oral aos 2, 4 e 6 meses de vida, com reforços entre 15 e 18 meses e entre 4 e 5 anos de idade; e a VIP, Vacina Inativada Poliomielite, que tem injetada uma dose aos 15 meses e outra aos 4 anos de idade. Ambas as vacinas são oferecidas nas Unidades Básicas de Saúde.
A volta do vÃrus do sarampo ao território brasileiro tem sido relacionada com a imigração venezuelana para a região Norte, iniciada em 2014, o que explica a incidência do vÃrus no Amazonas e em Roraima, que fazem fronteira com o paÃs em grave crise sociopolitica.
VÃrus trazidos por fluxos migratórios de uma população que não o erradicou para um local que o havia erradicado são chamados de “vÃrus importados”. Especialistas em imunização, dizem que o “vÃrus importado” só tem efeito quando encontra um indivÃduo não imunizado. Desse modo, o retorno do sarampo ao território brasileiro ocorreu também porque parte da própria população brasileira deixou de tomar as vacinas do Calendário Nacional nos últimos anos.
(Fonte: G1)