Aposentado improvisa galão de água em bicicleta para regar árvores
Quem passa regularmente pela Avenida Ulysses Guimarães, uma via movimentada na zona norte de Sorocaba, já deve ter visto uma cena bem inusitada: um idoso em uma bicicleta com um equipamento improvisado para regar as árvores que ficam no canteiro central.
O trabalho de cuidar das plantas é feito pelo aposentado Hélio Silva, de 61 anos. Ele mora em um bairro próximo à avenida e quase todos os dias rega as árvores que ficam no caminho. O aposentado sai de casa por volta das 16h com a bicicleta, um galão e um sistema de água instalado no bagageiro da bicicleta, criação dele mesmo. Pedalando, ele segue até uma mina que fica no bairro Jardim Santo André.
No local, Hélio enche o galão e o sistema que fica no bagageiro da bicicleta com cerca de 60 litros de água. Em seguida, empurrando a bicicleta, ele segue até a avenida. “Eu faço isso todos os dias, com o maior carinho, com o maior prazer e o maior amor”, conta Hélio.
No total, o aposentado percorre 3,4 quilômetros entre a ida e a volta do trajeto. A maioria das árvores que estão no local foi plantada pelo próprio Hélio e, por isso, ele sabe a quantidade exata de água que cada planta deve receber.
“Geralmente, as árvores pequenas eu mesmo plantei e aà eu sei qual está mais nova, qual está precisando de mais água. Se ela já está mais “vingadinha”, uso um pouco menos de água, porque tem que dar para todas. Nenhuma delas pode ficar com sede”, explica.
São cerca de 60 árvores em todo o trajeto e todas elas recebem água do equipamento instalado na bicicleta de Hélio. O sistema é formado por uma mangueira acoplada a um galão. O analista ambiental Tarantine Gurris Martine diz que fica sem palavras ao ver a atitude do idoso.
“A gente sabe que toda árvore depende de água para sobreviver e precisa de cuidado também. Então, além dele molhar essas plantas quase todos os dias, ele tem o cuidado de plantar, de cuidar delas, colocar materiais e esterco para que elas tenham nutrientes para sobreviver”, diz.
Hélio conta que a iniciativa surgiu depois que um amigo contou que fazia a mesma coisa. O aposentado gostou da ideia e resolveu repetir a ação no próprio bairro. De acordo com ele, muitos motoristas buzinam, acenam e até perguntam se ele está ganhando dinheiro com a ação, mas ele garante que faz tudo isso porque acha fascinante.
“Acho espetacular. Vejo ele com o galãozinho, é um exemplo, sem dúvidas”, diz Wilson Batista, que passa pelo local todos os dias.
Além de regar, o aposentado coloca latas em volta das plantas. Ele explica que isso evita que as máquinas que cortam a grama cortem a casca das árvores, fazendo com que elas demorem a se desenvolver.
“É uma delÃcia. É um exemplo, né? Eu vi [o amigo regando as plantas] e senti o que as pessoas sentem agora. Quem sabe alguém me copia também, não é? Peguei de exemplo e agora eu sou o exemplo”, diz Hélio.
(Prefeitura de JundiaÃ)