Colorado, um time de Jundiaí campeão mundial e europeu de futsal
Jundiaí tem um time de futebol de salão multicampeão na cidade, com dois títulos do mundial interclubes e outros dois títulos de campeão conquistados no torneio da modalidade na Europa? É o Colorado que surgiu em 2004, nascido do Grupo de Amigos da Agapeama, de Jundiaí, formado por André Souza, Maicon Galdino, Juliano Antunes, Carlos Eduardo Souza e Rogério Gonçalves. O grupo se juntou para começar a disputar alguns torneios amadores e hoje continua à frente do projeto que envolve o Colorado, agora um time com prestígio internacional .
O clube joga pelas regras da Associação Mundial de Futsal (AMF) e da Associação Europeia de Futebol de Salão (EFA): laterais com a mão; o goleiro não pode passar da metade da quadra; a bola pode ser recuada a qualquer momento ao goleiro; o goleiro pode arremessar a bola, com a condição que ela quique na sua quadra antes de passar para a outra; e cada time tem 15 segundos para passar do meio da quadra para a frente.
Em Jundiaí o Colorado já ganhou tudo: Copa Vila Arens, Torneio da Uva, Copa Lance Livre, todos os torneios amadores da Liga Jundiaiense de Futebol de Salão e de Futsal adulto. “Ganhamos tudo. Não temos mais o que ganhar em Jundiaí”, diz André Souza, presidente do clube. Fora do País, o time já foi Campeão Mundial pela EFA em 2017, vice em 2018 e 2019. “Em 2020 queremos tentar nosso bicampeonato”, informa. O time também foi campeão pela AMF em 2016, vice em 2017 e terceiro colocado em 2018. “Este ano, em outubro, queremos tentar o bi”.
O COMEÇO
Em 2011, o treinador do Colorado era Nelson Meloni que conheceu um pessoal da Confederação Nacional de Futebol de Salão (CNFS). Antigamente, até 1990, o Futebol de Salão não era gerido pela Federação Internacional de Futebol (Fifa). Mesmo depois que ela passou a cuidar do esporte, alguns países ficaram na AMF. Nelson alertou que havia no Brasil, em pouca escala, o futsal na regra antiga. “Compramos a ideia e em 2012 fomos jogar um Sul-americano de Clubes, no Paraguai. Havia oito times e nós ficamos em sétimo lugar. Mas tivemos a experiência de sentir um futebol de salão bem mais pegado. Foi uma experiência ótima para a gente”, conta o presidente.
Em 2013, o time se inscreveu para disputar um campeonato em São Paulo. Quem vencesse teria vaga para o Sul-Americano. “Acabamos indo para Mendonza, na Argentina, e de oito times, ficamos em quinto lugar. Quase passamos de fase. Mas o time ainda era muito limitado”, recorda André. Em 2015, houve o Mundial de Seleções da AMF. A Confederação não tinha condições de mandar uma seleção brasileira. Convidaram o Colorado para montar a base da seleção. “Arcamos com todos os custos, montamos a base Colorado e fomos, representando o Brasil. Foi fantástico. Mas não passamos de fase. Ficamos em 12º de 16 seleções. Perdemos na estreia, com 21 mil pessoas no ginásio”.
Em 2016, a CNFS foi desmanchada. No lugar, surgiu a Confederação de Futebol de Salão do Brasil (CFSB) que organizou o Sul Americano de 2016, em Santos, na Praia Grande. E aí o Colorado já estava reforçado com atletas da região, alguns semiprofissionais. “Foi a nossa glória. Nos sagramos campeões sul-americanos da AMF. Ganhamos nos pênaltis, na final, contra o tricampeão Simon Bolívar, do Paraguai. Isso nos deu vaga para o Mundial de Clubes da AMF, na Espanha”, conta. E na Espanha, em 2017, o Colorado pegou times da Argentina, França, Espanha, Uruguai e Austrália. “Nós ganhamos a final! Fomos campeões mundiais interclubes, ganhando de 2 a 1 do Ushuaia da Argentina”, lembra entusiasmado André.
Nesse mesmo ano, a EFA organizou um mundial de clubes e o Colorado foi convidado. “Fomos para a Espanha, jogar. E vencemos o torneio da EFA!”, acrescenta. O ano não havia terminado. Eu outubro, o Colorado foi para Mercedes, no Uruguai, disputar o Sul-Americano de Clubes e conseguiu um vice-campeonato, perdendo a final para um time argentino. Em 2018, outro Sul-Americano e aí um terceiro lugar. Desta vez, em Comodoro Rivadavia, na Argentina. Este ano, o time voltou da Espanha vice-campeão da EFA, perdendo no último minuto de jogo por 4 a 3 para o time do Cazaquistão, neste mês de maio.
RECURSOS E PROJETOS
Os recursos saem dos bolsos dos integrantes do grupo mesmo. Este ano, o Colorado está com projeto no Ministério de Esportes, para conseguir captar recursos junto às empresas e tentar, em 2020, bancar suas viagens e custear o trabalho dos atletas. “Hoje, ninguém ganha nada. É tudo na base do amor à camisa mesmo”, assegura André. “Muitos são atletas profissionais que vão com a gente onde dá para ir, conciliando férias de seus clubes e trabalho”, diz. “Vão pela viagem e pela consideração que têm por nós, pelo Colorado”.
Em julho, deve ser confirmado um Pan-americano de Futsal na Colômbia, organizado pela AMF. O Colorado deverá representar o Brasil, por ser o campeão brasileiro da regra. “O fato de ser campeão dá a prerrogativa de ser convidado para representar o País no torneio”, conta. (Por Pedro Fávaro Jr.)
(Imagens: Colorado)