Festa recorda início de Jundiaí, a ‘Freguesia de Nossa Senhora do Desterro’
Jundiaí celebra, nesta quinta-feira (15), os 404 anos de seu surgimento. Tudo começou quando Rafael de Oliveira, sua mulher Petronilha Rodrigues Antunes e os filhos se fixaram neste trecho do então Mato Grosso de Jundiahy – a porta do sertão cortada pelo rio dos bagres (jundiás), terra dos índios tupis, em 1615. A família com seus bens e empregados se instalou na região, fugindo porque Rafael era acusado de “crime de bandeirismo”, isto é, de organizar expedição para prender índios, proibida pela coroa portuguesa.
As comemorações têm missas na Catedral de Nossa Senhora do Desterro às 7, 9 e 18h30. Depois da missa das 9 horas, haverá a tradicional procissão pelas ruas centrais da cidade.
O povoado recebeu o nome de Nossa Senhora do Desterro e, mais tarde, por ser lugar de passagem, ponto de logística para as Bandeiras (expedições) que seguiam ao interior de São Paulo, foi nomeada Freguesia de Nossa Senhora do Desterro. Assim, a data de 15 de agosto – festa cristã católica de Nossa Senhora do Desterro -, é apontada como a provável data de fundação de Jundiaí.
Em 1651, a Freguesia foi reconhecida como povoado. A inauguração de uma capela dedicada à Nossa Senhora do Desterro, no ano de 1651, marcou o início do reconhecimento da povoação de Jundiaí. Quatro anos mais tarde, em 1655, foi elevada à categoria de Vila. Jundiaí marcava então o limite norte do povoamento da Capitania de São Vicente.
Esse povoamento acusava dois rumos principais: um para o leste, atingindo a zona montanhosa banhada pelo Rio Atibaia; e outro para o norte, alcançando o vale do Rio Mojiguaçu. A economia passou por uma fase de estagnação após 1695, durante o apogeu do ciclo da mineração, reativando-se contudo depois de 1785, quando a agricultura se fortaleceu com a cana-de-açúcar, feijão, cereais, algodão e café.
Outro fator de progresso foi a fruticultura praticada principalmente pelos imigrantes europeus a partir do fim do século XIX. Ainda nessa época, surgiu a indústria da tecelagem com a fundação em 1874, da Companhia Jundiana de Tecidos, por incentivo do Barão de Jundiaí, Francisco de Queiroz Telles. A partir de 1890, o município recebeu uma grande massa de imigrantes italianos. No dia 28 de março de 1865, Jundiaí foi elevada à condição de município.
Tradição
A Festa de Nossa Senhora do Desterro lembra a fuga da Sagrada Família para o Egito, para que Jesus fosse protegido da perseguição do Rei Herodes. Nossa Senhora permaneceu cerca de quatro anos fugitiva, com José e Jesus, desterrados no Egito. A história é narrada no Evangelho de São Mateus (Mt 2, 13-23).
São devotos de Nossa Senhora do Desterro os refugiados, os que não tem Pátria, os que não têm esperança no futuro em razão da violência da guerra, da fome e da tirania. Ela é a padroeira dos que tiveram que deixar tudo para procurar refúgio e proteção, a possibilidade de viver, em outras terras. Na Itália, ela é a Madona degli Emigrati, a Mãe dos Imigrantes.