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2/3 das infecções são causadas por pessoas sem diagnóstico ou sintomas

Publicada em 23/03/2020 às 12:05

Medidas para combater o novo coronavírus estão se tornando mais rigorosas. As autoridades de Nova York (EUA), por exemplo, enviaram uma mensagem forte a seus habitantes: “Todos deveriam se comportar como se já estivessem expostos ao coronavírus”.

Especialistas recomendam que, mesmo que não sintam sintomas, as pessoas devem incluir medidas de precaução para evitar a propagação do vírus

Esse alerta é sustentado por novas evidências científicas provenientes da análise de como o vírus se espalhou na China, o país onde a pandemia surgiu e que até sexta-feira (20), registrou mais de 3,2 mil mortes. A pesquisa mostra que duas em cada três infecções do novo coronavírus foram causadas por pessoas que não foram diagnosticadas com o vírus ou que não apresentavam sintomas.

“A explosão de casos da Covid-19 na China [doença causada pelo vírus] foi em grande parte causada por pessoas com sintomas leves, limitados ou inexistentes que não foram detectados”, disse Jeffrey Shaman, professor de Ciências da Saúde Ambiental da Universidade Columbia e coautor da pesquisa.

“Os casos não detectados podem expor uma parcela muito maior da população ao vírus”, afirmou. Isso significa que as pessoas infectadas que se sentem saudáveis ou têm sintomas muito leves estão espalhando o vírus sem perceber.

Transmissões secretas

As descobertas de Shaman revelam que o número real de pessoas infectadas em todo o mundo é muito maior do que o mostrado por números oficiais, porque muitas pessoas não sabem que têm o vírus e o transmitem. Shaman chama esse fenômeno de “transmissão secreta” e argumenta que ela representa um grande desafio para conter o surto.

Os cientistas dizem que a probabilidade é que haja entre cinco e dez pessoas sem diagnóstico para cada caso confirmado. Nos estágios iniciais da epidemia na China, o número era de seis ou sete pessoas, mostra a pesquisa.

“Se temos 3,5 mil casos confirmados nos Estados Unidos, pode haver 35 mil”, disse Shaman, citado pelo jornal The New York Times no dia 16 de março.

A nível mundial, se em 18 de março houvesse mais de 200 mil casos confirmados em mais de 150 países, na realidade, mais de 1 milhão de pessoas poderiam estar infectadas, disse Shaman em uma entrevista coletiva citada pelo Washington Post.

O que pode ser feito?

Pesquisas também mostram que os esforços do governo e a conscientização dos cidadãos reduziram a taxa de contágio na China. Depois que restrições de viagem e outras medidas de controle foram impostas, o vírus começou a se espalhar mais lentamente.

“A maior conscientização sobre o surto, o maior uso de medidas de proteção individual e restrição de viagens ajudaram a reduzir a força da infecção”, diz Shaman. O estudo alerta que, para controlar a propagação, “é necessário um aumento radical na identificação e o isolamento dos infectados que ainda não foram documentados”.

Enquanto isso, especialistas em epidemiologia recomendam o “distanciamento social”, mesmo entre pessoas sem sintomas, como uma prática eficaz para impedir a propagação do vírus.

O distanciamento social inclui comportamentos como trabalhar em casa, sair sozinho para lugares essenciais, como supermercados, evitar multidões e evitar o transporte público nos horários de pico.

Por sua vez, a Organização Mundial da Saúde recomenda práticas como:

  • Lavar as mãos com sabão frequentemente
  • Manter uma distância de pelo menos um metro de alguém que tosse ou espirra
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca
  • Cobrir-se com o cotovelo ou um lenço quando tossir ou espirrar
  • Procurar ajuda médica se tiver febre, tosse ou falta de ar
 (Fonte: G1/Foto: Getty Images via BBC)

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