Verci Butalo deixa presidência do Grendacc para ser voluntária

Depois de 25 anos de uma luta entranhada à frente de uma das entidades da de Jundiaí que está na linha de frente de suporte e amparo a crianças e adolescentes com câncer, Verci Andreo Butalo deixa a presidência do Grupo em Defesa da Criança com Câncer, o Grendacc.

Verci e o marido Gilberto, diante da maquete do que é hoje o Hospital do Grendacc, em Jundiaí

Aos 76 anos,  ela recorda que tudo começou quando o filho caçula, Cristiano, recebeu o diagnóstico de linfoma. Ali a ideia se formou e, uma ano depois, se materializou, quando ele estava no término das sessões de radioterapia. O foco principal foi o de que as crianças não precisassem mais mais viajar para Campinas ou para São Paulo em busca de tratamento oncológico.

TVTEC – Qual o motivo, neste momento, para deixar o Grendacc ?

VERCI – Por sentir que está é a hora. Afinal, depois de 25 anos está na hora de passar o bastão para alguém mais jovem e abrir espaço para novas ideias.

Nesses 25 anos, quais os desafios mais sérios do início do trabalho e agora, os desafios mais recentes?

No início das atividades, o desafio maior foi o de conscientizar poder público e comunidade sobre a importância de se criar um espaço adequado para o atendimento de crianças e adolescentes em sua própria cidade, sem o desgaste de viagens para as cidades vizinhas, o que fazia com que algumas famílias abandonassem o tratamento.

Hoje o maior desafio tem sido o fator financeiro, em consequência das diversas crises econômicas, como a de 2008/2009, e culminando agora com a crise gerada pelo Coronavírus (Covid-190).

Qual a grande conquista e o que acredita ainda falte ser conquistado?
A maior conquista foi o credenciamento do Hospital da Criança do Grendacc pelo Ministério da Saúde, uma vez que por 20 anos atuamos como prestadores de serviços para o Hospital São Vicente.

Verci em uma das solenidades de final de ano, no Hospital do Grendacc

O que falta conseguir são recursos financeiros para que o hospital continue em franco atendimento, através de parcerias diversas, já que o valor repassado pelo SUS não chega a cobrir nossos custos.

Quem foram os maiores apoiadores do projeto nesse tempo – quem está mais perto da doença (famílias, parentes) ou houve outro tipo de apoio firme, constante, desinteressado?

Nosso maior apoiador tem sido a comunidade de Jundiaí e as comunidades da região, que sempre acreditaram e colaboraram financeiramente para que continuemos na luta em busca de melhores condições de atendimento para nosso público alvo: as crianças e adolescentes da região.

Tem muita gente que se voluntaria para ajudar no trabalho?

Claro. Não poderia deixar de citar também o exército de voluntários que estão nos apoiando desde o início de tudo. E quero ainda agradecer a Prefeitura de Jundiaí e as prefeituras das cidades da região que mantém alguns convênios de prestação de serviços com o Hospital da Criança do Grendacc.

Quem mais esteve ao seu lado nesses 25 anos de luta?

Muita gente. E quero agradecer a todos que estiveram comigo nesses 25 anos, começando pelo Gilberto, companheiro de 56 anos de casamento, passando pela Kátia, filha querida que se desdobra na gestão administrativa da instituição, enfim, agradecer a todos que choraram comigo quando a dor era muito grande, mas que celebraram comigo quando a alegria se fazia presente. A todos que colaboraram para que o Grendacc se tornasse o que é hoje, o meu eterno muito obrigada! Que Deus abençoe a todos.

Verci encerrou a entrevista lembrando uma frase de Adolfo Bloch, empresário da área de Comunicação Social e fundador da revista Manchete e da Rede Manchete de Televisão: “A vida só é digna de ser vivida quando se faz algo pela vida em vida.”  Ela vai continuar a servir o Grendacc como voluntária. (Por Pedro Fávaro Jr.)

(Imagens: Arquivo pessoal)