Tecnologia: Apple tem susto em show de apresentação de iPhone
A Apple mostrou no início desta semana seu novo iPhone, que revoluciona a tecnologia da fotografia digital. Mas no evento transmitido para o mundo inteiro, de repente, um susto: o aparelho, feito para identificar o rosto do dono falha e o acesso é feito com a senha comum. Paulo Brito, especializado há 35 anos em Tecnologia da Informação – e há cinco em Segurança da Informação –, analisa o que ocorreu. “Na verdade, aparentemente, a falha foi na preparação do show”, avalia Brito. A tela de senha que apareceu era para habilitar o uso do reconhecimento facial. “Isso acontece depois que o telefone fica muito tempo ocioso ou quando é religado, segundo me informei”, explica.
O especialista avalia tal característica como “boa, por ser uma autenticação de dois fatores”. Algo muito parecido com o que os bancos fazem quando pedem uma senha para entrar no home banking e outra para autenticar a transação. “Há bancos que pedem uma terceira confirmação, como por exemplo informações familiares – nomes, datas de nascimento, relações de parentesco etc.”, informa.
Brito acredita que a segurança da Apple é bem superior à da dos restantes telefones móveis (a esmagadora maioria usando o Android da Google), pelo fato de que a arquitetura da Apple é fechada (os programas são fechados, é bem difícil descobrir como eles são construídos). “A arquitetura do Android é aberta, ou seja, o código é aberto de forma que todo mundo pode ler cada linha de cada programa e ali descobrir vulnerabilidades que os programadores deixaram de cobrir”, alerta.
Pondera haver uma tendência forte de usar a biometria para autenticação e considera um exagero imaginar que também ela seja infalível. “Quem puder assistir o filme Gattaca (de 1997, com Uma Thurman e Jude Law, entre outros astros) entenderá o que quero dizer”, emenda.
É possível que um ladrão tome o telefone de uma pessoa e aponte para ela para desbloqueá-lo. Brito não descarta a hipótese. “Claro que para usar o iCloud e desabilitar o rastreamento precisará também de uma senha, e tudo se complica. Mas não tenho dúvida de que vai haver muito roubo desse tipo e de que sempre haverá um jeito de desbloquear o telefone depois. Se as agências de espionagem e empresas conseguem, o povo na rua conseguirá”, adverte.