Saúde, o fruto de uma educação alimentar equilibrada
A Unidade de Gestão de Educação da Prefeitura de Jundiaí promoveu mais uma videoconferência Educação em Tempos de Pandemia, desta vez com o tema “Cuidados com a alimentação saudável para as crianças durante a quarentena”, transmitida ao vivo pela TVTEC, nas redes sociais (Facebook e YouTube) e pelo canal 24 da NET.
O programa foi mediado pelo jornalista Rafael Amaral que entrevistou Maria Ângela Delgado, diretora do Departamento de Alimentação e Nutrição da Prefeitura de Jundiaí; e a nutricionista Carina Scapinelli. Ambas destacaram a necessidade de uma educação alimentar responsável e natural, para garantir um futuro saudável.
O primeiro tópico abordado foi a alimentação das crianças em casa, em razão da suspensão das aulas. A questão levantada inicialmente foi sobre como se estabelecer uma rotina, um método adequando de alimentação em casa.
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TVTEC – Como é possível fazer isso, nesse tempo de pandemia, considerando que nem sempre os pais estão em casa. Qual é a importância de se adaptar essa alimentação adequadamente?
CARINA – Isso é fundamental. A criança precisa de uma rotina. Precisa ter um senso de previsibilidade, saber o que vai acontecer. Com as rotinas, a gente também respeita a nossa cronobiologia. Nós temos no nosso corpo momento de hormônios agindo que precisam ser respeitados. Então preciso ter um horário de comer, horário de dormir, horário para tudo. E se essa criança tem horário para se alimentar ela não vai ficar beliscando o dia inteiro. Agora, dentro de casa, parece que a geladeira chama, a despensa chama, a criança está o dia inteiro com fome, beliscando… Se ela tem o horário, a regra, o momento em que vai se alimentar, não vai ter problema nenhum. A gente consegue assim que essa criança se alimente de uma forma mais saudável, porque com fome a gente consome melhores alimentos.
ESCOLHER BEM
É muito importante também que os pais escolham o que ter na despensa. Para evitar alimentos que não são ideais e podem prejudicar, porque dentro de casa, sem atividade física, sem gasto energético existe a chance de aumentar o peso e trazer outros problemas.
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Como os pais podem ajudar as crianças nas dificuldades alimentares?
Existe a necessidade dos pais assumirem o papel, realmente, de responsáveis por essa alimentação. De serem educadores nutricionais dentro de casa. Nós somos espelhos para nossos filhos. As crianças não aprendem o que ouvem, mas o que vivenciam. Se eu, como pai, não acho importante ter uma alimentação saudável dentro de casa, meu filho muito menos. Eles não têm noção de saúde, doença…
VALOR DA SAÚDE
Então é de se perguntar para os pais qual valor eles têm dado para a sua saúde hoje? Isso é importante? As crianças precisam ver os pais se alimentando bem. Precisamos escolher esses alimentos de uma forma mais assertiva. Estamos vivenciando um mundo com muito estresse. Isso prejudica nosso organismo. Se vamos enfrentar uma guerra todos os dias, é preciso munir o seu corpo. A melhor munição são nutrientes. Porque nós somos formados por células e elas precisam de nutrientes para funcionar. É matéria prima para a fábrica trabalhar. E se não tem, começa a dar pau.
SINTOMAS FALAM
Estamos acostumados a viver com os sintomas e não entendemos que é o corpo chamando a nossa atenção. Estamos cansados, acordados com mau-humor, dormimos mal, adoecemos muito mais fácil… Hipertensão, diabetes, colesterol… E o problema é que as crianças também estão assim. E essas doenças não são de crianças. Isso acontece porque os pais levam para dentro de casa alimentos que têm uma explosão de sabores, ultraprocessados, cheios de açúcar, glutamato monossódico… O cérebro adora esses sabores… Além de ser prático, fácil, muitos desses alimentos acabam tendo um custo acessível… Isso prejudicial. A gente começa a adoecer. A doença chama a atenção para o autocuidado. Preste atenção como você está, como seu filho está.
SER EXEMPLO
A coisa mais importante é ser exemplo Mãe – somos nutrizes dentro de casa. Muitas vezes somos nós que cozinhamos, preparamos os alimentos…Que tipo de alimento estou oferecendo para a minha família? Eu preciso ser exemplo. A gente tem várias estratégias legais para ajudar. A gente não cria boa relação com alimentos, com punições. Muitas das vezes para alimentar a criança de forma mais saudável é punindo, julgando, chantageando… Essas estratégias não ajudam a ter afinidade com alimento.
ALEGRIA AJUDA
Vamos levar alegria nas horas da refeição. Criar comunhão, harmonia. As crianças precisam participar, estar presentes…Essas são algumas estratégias que são importantes. Levar a criança a ajudar a preparar os alimentos, criar proximidade… Elas dão resultado muito bom. Agora é hora de colocar dentro de casa tudo que a gente vem aprendendo com alimentos de verdade.
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Os participantes assistem um vídeo com Emanuelly, aluna da Emeb Benedita Alzira, sobre Alimentação Criativa.
A questão da participação da criança na preparação dos alimentos é fundamental?
MARIA ÂNGELA – É essencial. A fala da Carina ratifica nossas ações e trabalho no Departamento. É muito importante que quando a criança tem o acesso ao alimento, ao cuidado, ao preparo, acontece efetivamente a educação nutricional. A gente constata isso nos projetos hortiescolares. O aluno vai até a horta, planta, cuida, entende o alimento, toca, experimenta e a partir daí começa a ter uma boa relação com aquele alimento. Isso é fundamental. Criar boas memórias. Memória do sabor, afetiva. Quando isso é criado na primeira infância, até os 5 anos de idade, é levado para o resto da vida.
FRUTO BOM
Tudo aquilo que a gente pode investir nesse momento, na primeira infância, com relação à Educação e à alimentação, é com certeza um fruto que colheremos lá na frente, em relação à Saúde. É investir na Saúde. Entendo que quanto mais colocarmos a criança em contato com o alimento de verdade – os produtos alimentícios de pacotes não são de verdade, são processos, aditivados – quanto mais a criança tiver contato com a alimentação de verdade, com o experimentar, quanto mais sabores essa criança tiver contato, com certeza uma melhor alimentação ela terá.
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Como deve ser a participação da escola nesse processo? Ela pode ajudar no sentido de dar dicas, levar algo para os pais?
MARIA ÂNGELA – Na verdade, a escola deve. É nossa obrigação sim oferecer essa informação, orientar a criança. Esse cuidado que a gente tem com a alimentação acaba criando um processo inverso, porque a criança é que leva a informação para a família. Um pouco o que disse a Carina, que recebe no consultório crianças que acham que o alimento nasce no pacote… Por que disso? Porque a família tem esse hábito. A criança dentro da escola conhece um outro universo e esse universo ela leva para a família.
ENVOLVER A FAMÍLIA
A educação nutricional não acontece só na escola. Nós precisamos envolver a família. É preciso que esse pai se conscientize da importância da alimentação na vida de seu filho. Esse é um cuidado que a família, o responsável tem que ter com essa criança. Em um tempo da minha vida trabalhei na Saúde e foi assustador – 95% dos pacientes que eu atendia consumiam suco em pó. Numa rotina de almoço e jantar. Outros 98% usavam temperos químicos, realçadores de sabor que contém glutamato, substância extremamente nociva ao cérebro. Isso me assustou muito. Não é a criança que faz essa aquisição. É a família.
CONSCIENTIZAÇÃO
Então você tem que ter todo um processo para que a família se conscientize da importância dessa alimentação mais natural. A utilização das frutas, das verduras, dos legumes é fundamental. A nutrição tem várias linhas, mas uma coisa é unânime: a utilização das verduras, legumes e frutas traz os nutrientes necessários para que o corpo entre em equilíbrio e todas as funções aconteçam. Para que tenhamos a saúde.
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