Aos 25 anos, Peama se reinventa e mantém atendimento durante pandemia
Ao longo dos 25 anos de existência do Programa de Esportes e Atividades Motoras Adaptadas (Peama) da Prefeitura de Jundiaí o foco foi a inclusão das pessoas com deficiências em todos os ambientes. Desde o ano passado, por conta da pandemia do Novo Coronavírus, o modelo de atendimento presencial precisou ser adequado à nova realidade e garante aos mais de 380 assistidos, a inserção e o cuidado necessários.
Neste período, a trajetória do projeto foi marcada pela inclusão de portadores de deficiência, física ou intelectual, à sociedade através do esporte. Uma missão de mudar vida não só dos alunos como famílias inteiras. Referência no Brasil, em 25 anos de existência, o Programa atendeu mais de 1500 alunos.
Aos 59 anos, dez dedicados ao Peama, a aluna Marinella Locardi Amaral da Cunha é uma delas. Ela faz natação, ciclismo e musculação no programa.
“O Peama representa tudo para mim. Ele é fundamental na minha vida não só como atividade física, mas como atividade social. Eu interajo com outras pessoas, faço amizades, é muito legal o que eles fazem”, explica ela, que tem o membro inferior amputado.
Segundo ela, o momento atual é complicado, mas não a impede de manter contato com os professores. “Faço as aulas on-line, porque sinto falta e para ficar mais animada neste momento difícil que passamos”.
Com 36 anos, Janaina Franz teve a vida transformada depois que descobriu o programa. “Tenho uma doença neurodegenarativa que começou quando tinha 34 anos. Fiquei introspectiva, com vergonha depois que descobri a doença, mas quando o Peama apareceu na minha vida tudo mudou. Comecei fazendo dança para melhorar isso e agora já faço também ciclismo, natação e caiaque. O Peama me ajudou a descobrir quem eu posso e consigo ser. Confio muito mais em mim agora”, explica.
Destaque paraolímpico do Brasil, o atleta jundiaiense Thomaz Ruan de Moraes começou bem cedo no programa. Ele, que tem uma má formação congênita no braço direito, começou a participar do programa há 11 anos e, através do esporte, se transformou e atualmente é um dos talentos do esporte paraolímpico brasileiro. Ele já tem, inclusive, vaga na Paralimpíada de Tóquio nos 400 metros rasos.
“O Peama tem grande importância na minha vida. Através dele me vi dentro da sociedade. O Peama acreditou em mim, me deu base e estrutura para eu ser quem eu sou agora. Eu amo muito eles, sou grato por tudo que fizeram por mim. Fico feliz em fazer parte dessa história”, explica.
NOVO MOMENTO
E para continuar este atendimento durante a pandemia, o Peama, marcado por realizar um programa individualizado e específico para cada aluno, teve que se reinventar.
“Costumo falar que o Peama trabalhou 24 anos para tirar a pessoa de deficiência de casa e integrar através do esporte. Neste último ano, fizemos o caminho inverso, trabalhamos para manter o aluno em casa. Neste período, nos reinventamos, novos atendimentos surgiram. Estamos realizando atendimento virtual, às vezes em grupo, às vezes individualizado. Todos contam com atividades remotas e contato com os professores. As avaliações são feitas de maneira sistemática e, ao identificar qualquer necessidade específica, o aluno ou a família, recebe o apoio necessário”, explica César Munir, diretor do Departamento de Esporte Adaptado da Unidade de Gestão de Esporte e Lazer (UGEL).
Ainda de acordo com o diretor, as atividades são realizadas de maneira remota, seja por vídeo chamada exclusiva entre professor e aluno, ou reunião com os demais integrantes do grupo, de maneira virtual. “O professor adequa as atividades conforme a realidade do ambiente de cada assistido. Desta forma conseguimos, inclusive, integrar as famílias para que participem das atividades. É um momento de aprendizado e desafios, para todos”, salienta.
O Peama conta com 16 modalidades esportivas como o tênis de campo, atletismo, futsal, natação, Escola da Bola (que alterna basquete, futebol, futsal e vôlei), ciclismo, bocha, capoeira, dança, goalbol, caratê, caminhada, corrida de rua, atividades náuticas, musculação e ginástica rítmica.
“É um projeto que fez e continua fazendo história, tem uma linda história feita como muito amor, dedicação e amizade. Tanto os professores como os alunos fazem a diferença”, explica o gestor da Unidade de Esporte e Lazer (UGEL), Luiz Cláudio Tarallo.
(Fonte/Imagem: Prefeitura de Jundiaí)