Pegadas de dinossauros são encontradas em rochas no Mato Grosso do Sul
Após uma extensa pesquisa, fruto de diversas escavações e observações, pesquisadores encontraram pegadas de dinossauros às margens do Rio Nioaque, na cidade com o mesmo nome, a 165 km de Campo Grande.
A descoberta foi feita pelos cientistas do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além do registro das pegadas, os pesquisadores coletaram fósseis de um pequeno invertebrado identificados em uma uma espécie de toca cavada por animais extintos que viviam em abrigos subterrâneos, chamados de paleotoca.
Os resultados do estudo foram publicados, nessa segunda (26), no “Journal of South American Earth Sciences”, revista cientÃfica dedicada à s ciências da terra, assinado pelos paleontólogos Rafael Costa da Silva, do Museu de Ciências da Terra (MCTer) do Serviço Geológico do Brasil, Maria Izabel Lima de Manes e Sandro Marcelo Scheffler, que ambos são da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O paleontólogo Rafael Costa da Silva explica que as rochas onde foram encontradas as pegadas são do tipo Botucatu, que são caracterÃsticas de um extenso deserto que cobriu uma ampla área entre o Uruguai e o Mato Grosso do Sul há 140 milhões de anos.
De acordo com os pesquisadores foram identificadas pegadas e trilhas de dinossauros carnÃvoros e herbÃvoros. O tamanho dos animais, calculado a partir das pegadas, variava de um até seis metros de comprimento. Rafael explica que a pesquisa feita para chegar a conclusão de que as fissuras eram pegadas foi extensa. “Encontramos pegadas de cinco ou seis animais diferentes”, comentou.
A expedição
Os resultados apresentados ao público nesta semana foram coletados entre 2017 e 2018. O paleontólogo Rafael Costa da Silva explica que após as coletas, um longo estudo de observação e análises foi feito para identificar se aquelas pegadas poderiam ser de dinossauros.
“Foram feitas várias análises para chegarmos a conclusão que era uma pegada de dinossauro. A gente tem que fazer comparações com outras coisas já estudadas no mundo para entender melhor o que estamos vendo ali”, detalhou Rafael.
O paleontólogo diz que a expedição em busca dos resquÃcios do perÃodo jurássico começou em 1990 em Nioaque (MS), quando o pesquisador sul-mato-grossense, Gilson Martins encontrou as primeiras pegadas na região. Desde então, Rafael comenta que as idas à região da Serra da Bodoquena aumentou.
“Ao longo do tempo nós conseguimos fazer várias pesquisas de campo. Através disso, conseguimos entender o que era aquela rocha, como ela foi formada e encontramos outras pegadas de dinossauro que mostram que são rochas do perÃodo cretáceo, perÃodo dos dinossauros”, relatou.
Ao analisar os fósseis e as pegadas encontradas, os pesquisadores descobriram possibilidades do passado da região de Nioaque (MS), há 140 milhões. Ali, com a análise das rochas, a região era um extenso deserto com alguns áreas alagadas.
“Ressalta-se que o trabalho de campo foi realizado com o objetivo de compreender o contexto preservacional das pegadas, e a descoberta desse sistema deposicional foi inteiramente acidental. Os resultados aqui apresentados não completam o estudo, mas apresentam um primeiro reconhecimento dos depósitos fluviais e incentivam a continuidade dos estudos na região”, explicou o paleontólogo.
O que as rochas dizem da região de MS?
As rochas na região de Nioaque (MS), segundo Rafael, são conhecidas como formação Botucatu. O pesquisador explica que essas formações são como uma esponja e mostram que o ali, naquele local, havia um grande deserto.
“Este arenito foi formado em um grande deserto de dunas. Então depois do deserto, foi se transformando em rochas, com a areia se compactando. O que descobrimos em Nioaque é que nesta época desértica, que hoje é Nioaque, tinha rios. Eram rios e desertos”, explicou Rafael.
O paleontólogo disse que, conforme os estudos e análise, as rochas encontradas na região de Nioque (MS) são de origem fluvial e “com o tempo, este sistema fluvial desapareceu e o deserto cobriu”.
O pesquisador detalhou a maneira em que as pegadas encontradas foram fixadas nas rochas do tipo Botucatu:
“A hipótese de formação de pegadas, o animal pisa sobre o sedimento arenoso recém-depositado, ainda plástico, penetrando-o e atingindo a camada de silte abaixo, mais compacta. Assim, a trilha é produzida no limite entre essas duas litologias , sendo imediatamente coberta pela areia. Esse processo pode aumentar o potencial de preservação de pegadas, pois eliminaria a exposição ao ar”.
Para o pesquisador, encontrar as pegadas e entender a complexidade das rochas ajuda a ampliar o conhecimento sobre os estudos em paleontologia e fortalecer a pesquisa na área de Nioaque (MS).
(Fonte/Imagem: G1)