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Equipe de Cirurgia Cardíaca do HSV participa de estudo sobre os impactos da pandemia na realização de procedimentos

Publicada em 30/11/2021 às 11:00

Com base nos primeiros desafios enfrentados pelos cirurgiões cardíacos no início da pandemia, a Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) publicou recentemente o estudo nacional COVID-19 in the Perioperative Period of Cardiovascular Surgery: the Brazilian Experience (em tradução: “COVID-19 no período perioperatório de cirurgia cardiovascular: a Experiência Brasileira”). Com o objetivo de avaliar a vivência dos pacientes e os riscos do coronavírus para a especialidade no país, 11 centros de saúde foram incluídos no estudo, entre eles o Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), em Jundiaí. Este foi o primeiro estudo a demonstrar o impacto da COVID-19 sobre as cirurgias cardíacas no mundo.

A pesquisa, que foi publicada internacionalmente, dividiu os pacientes cardiopatas em três grupos. O primeiro grupo foi formado por pacientes que haviam adquirido o vírus 10 dias antes da cirurgia, o segundo entre 10 dias antes e 10 dias depois da cirurgia e o terceiro grupo 10 dias depois do procedimento. Os pacientes dos dois últimos grupos, que foram infectados durante a internação ou logo após a cirurgia, tiveram mortalidade muito maior do que o primeiro. Participaram do estudo os cardiologistas e cirurgiões cardiovasculares, Dr. Raul Gaston Sanchez Mas, Dr. Alexandre Zilli, Dr. Luiz Carlos Bettiati Junior e Dr. Ricardo Tranchesi.

“Os resultados demonstraram que os pacientes que adquiram COVID-19 durante o pré-operatório possuem de 7 a 10 vezes mais riscos do que os pacientes que não se infectaram nesse período, apresentando complicação respiratória pulmonar e sistêmica. Nós presumíamos que isso poderia acontecer, mas foi o primeiro trabalho a confirmar objetivamente a diferença de mortalidade no paciente que opera em vigência de infecção”, explica Raul Mas.

Alexandre Zilli conta ainda que houve um déficit muito grande de cirurgias cardíacas no mundo inteiro, quando mais de 50% dos procedimentos foram adiados, sendo este mais um dado importante para a estatística. “Todos os recursos médicos e de pessoal foram deslocados para pandemia. Neste período, até a nossa Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que atende só cardiologia e cirurgia cardíaca, virou uma UTI COVID e foi coordenada pelo Dr. Raul Gaston Sanchez Mas. No começo, como os exames e os resultados demoravam muito para sair, dificilmente sabíamos se o paciente estava com COVID-19 antes de realizar a cirurgia. Como os sintomas são muito similares, ficava difícil fechar o diagnóstico. Foi um período muito desafiador”.

Dr. Alexandre Zilli e Dr. Raul Gaston Sanchez Mas celebram sucesso do estudo

Sem as descobertas cientificas que hoje possibilitam o diagnóstico e tratamento mais rápido da doença, além das vacinas com eficácia já comprovada pelos órgãos fiscalizadores, os profissionais relatam que caso o paciente apresentasse algum sintoma, o mesmo era encaminhado para realização do exame de tomografia. “Se encontrássemos um padrão característico de vidro fosco, aspecto que pode causar o comprometimento intersticial ou alveolar, na fase aguda ou crônica de doenças inflamatórias, tumorais ou infecciosas dos pulmões, a gente acabava suspendendo a cirurgia de casos menos graves. Não tínhamos a facilidade que existe hoje, dois anos depois, com o teste de antígeno”, relembra Dr. Raul.

O estudo é um alerta para os pacientes sobre a importância do diagnóstico precoce da doença. Com exames e resultados mais rápidos, é possível reduzir a taxa de mortalidade e retomar as cirurgias com segurança. “A mortalidade desse estudo global foi de 4% para pacientes do primeiro grupo, 45% do segundo e 27% para o terceiro. Muitas pessoas acabaram falecendo. A nossa taxa de mortalidade é bem menor do que no Brasil em geral, que contabiliza em torno de 7%. No Hospital São Vicente é de 3%, um número importante para nós”, aponta Zilli.

Atualmente, com o avanço da tecnologia e uma situação mais controlada, todos os testes são realizados antes de qualquer procedimento, incluindo o uso dos antígenos. “É uma possibilidade que hoje parece pouca coisa, mas considerando tudo que já vivemos, é super importante sob o olhar do estudo. A cirurgia cardíaca depende muito do médico, do cirurgião, mas o trabalho de todos os profissionais da assistência é indispensável. Nossa equipe é capacitada e se não fosse um trabalho integrado, não conseguiríamos salvar tantas vidas, alcançar os resultados tão positivos”, finaliza Sanchez.

(Fonte/Imagem: Hospital São Vicente)


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