Saúde: especialistas tentam decifrar o suicídio em evento histórico
Durante o 2º Encontro de Valorização da Vida – Suicídio: Epidemia Calada, especialistas contribuíram com informações preciosas e experiências de trabalho – e de vida – ao lidarem diretamente com o suicídio. Leia abaixo algumas frases que marcaram o evento, no último dia 31 de agosto, no Teatro Polytheama e que foram ditas para um público presente de mais de 1200 pessoas.
O que fizemos aqui hoje vai ecoar pela cidade. O Polytheama ficou pequeno.
Daqui sairão ações para ajudar na saúde e agir na vida das pessoas. Queremos salvar vidas.
Luiz Fernando Machado, prefeito de Jundiaí
O que estamos fazendo hoje, o que estamos nos propondo a fazer daqui em diante, é olhar o problema de frente. Falar sobre, pensar sobre, sem hesitação, vergonha ou medo.
Alexandre Moreno Sandri, psicólogo e mestre em psicologia clínica
Muito mais do que falar, do que repreender, do que dizer o que a gente acha certo, é ouvir o que o outro tem para falar.
Clara Magalhães, professora do Centro Paula Souza
A sociedade está preparada para viver a heteronormatividade, para viver uma situação de heterossexualidade das pessoas. Não está preparada para as diferenças, não está preparada para as orientações sexuais diferentes (…). Não está preparada, muito mais ainda, para a questão da identidade de gênero.
Quanto maior for a aversão, o preconceito [ao público LGBT], a taxa de suicídio acaba por aumentar.
Heloísa Gama Alves, jornalista e assessora da Secretaria de Desenvolvimento Social do Governo de São Paulo
Temos uma técnica derivada do FBI chamada “escuta ativa” e essa técnica nos torna profissionais de ouvir. Nós não precisamos falar muito. Temos que saber ouvir.
Nunca vi tantas pessoas em um evento que trata de um tema tão negativo.
Hugo Araújo Dias, major da Polícia Militar
Fui tomada por uma obsessão para descobrir tudo relacionado ao suicídio. Descobri até que existe uma especialidade, que é a suicidologia, e nas minhas pesquisas identifiquei que o suicídio é hoje uma epidemia calada. O suicida se cala, a família se cala, os médicos se calam, os serviços de apoio se calam, a mídia se omite de divulgar riscos e sua prevenção. Qual a causa desse mutismo seletivo? Estigmas, preconceitos, constrangimentos, discriminação contra o suicida e o homicida de si mesmo.
Maria Cristina Ramos Stefano, psiquiatra e autora do livro “Suicídio: Epidemia Calada”
Quem é essa pessoa que pensa em suicídio? Quem é essa pessoa às vezes tão próxima e tão distante da gente que pensa em desistir da vida? Que pensa em escolher um caminho que não é a vida em sua plenitude? (…) O sentimento que me toca muito é o sentimento de ambivalência: ao mesmo tempo em que temos um instinto de preservação, que nos faz levantar, caminhar todos os dias, existe uma força contrária que sufoca todo esse sentimento. É uma luta interior muito intensa, que consome muita energia.
Sérgio Antônio Batista, coordenador regional do CVV
Se não divulgarmos informação de saúde, que leve a população a reconhecer essas pessoas em risco, nós estaremos lutando contra um inimigo desconhecido. Nós estamos lutando contra um inimigo e se a gente não conhecer as estratégias, não conheceremos como esse inimigo age.
Fernando Fernandes, médico psiquiatra
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