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TVTEC Blog com Pedro Fávaro Jr.
07
junho 2018

O novo sempre vem, mas os nossos ídolos…

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Pedro Fávaro Jr.

 “Você pode até dizer que eu estou por fora ou então que eu estou enganando, mas é você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem . . .” (Nossos pais, Belchior). Nossos ídolos ainda podem ser os mesmos, escrevo parafraseando o genial Belchior, sempre certeiro apesar tanto tempo de ter passado. Mas quanta coisa mudou. Quanta coisa nova veio desde que ele compôs Nossos Pais, em 1976.

A canção foi produzida para o álbum Alucinação e se eternizou na voz de Elis Regina em outro álbum, não menos retumbante, o Falso Brilhante, também de 1976 – ano do meu casamento. A gente reunia os amigos todo final de semana, para ouvir Belchior, Elis, Chico, Gil, Caetano e rachávamos os salgadinhos e as bebidas. Estávamos à espera do novo, discutíamos sobre o novo, na política, na economia, na comunicação e ele veio, em tudo, muito diferente da nossa imaginação e prosa.

Esperávamos trafegar em automóveis voadores no ano 2000. O século 21 já caminhou 18% e as tais naves parecem estar chegando só agora pela evolução dos drones – desenvolvidos pela terrível e poderosa indústria da guerra que lidera o ranking de rentabilidade, seguida pelas indústrias do petróleo, farmacêutica e da pornografia, apesar do novo sempre vir . . .

Contudo, o tráfego mesmo, o grande trânsito, o movimento maior se deu naquilo que se batizou de redes (porque fazem parte da web) sociais (porque supõem laços entre os seus integrantes) ou mídias (veículos) sociais. Desse modo, creio agora nos posts como as grandes naves desse rosto em progresso da comunidade humana. O combustível não é a energia nuclear. Os posts são movidos pelo combustível mais antigo que se tem notícia na história humana: as vaidades e caprichos individuais para os quais se tornam quase irrelevantes o conhecimento e a sabedoria acumuladas em nossa mega milenar caminhada evolutiva.

As mídias sobreviventes dos séculos 19 e 20 – tevês, rádios, jornais e revistas –, precisaram se readaptar para sobreviver. Algumas, ainda estão em processo de mudança, em busca de uma identidade que as permita conviver com as redes sociais e um novo estilo audiência interativa (e aqui está o fulcro, o xis da questão) sem perder a audiência conquistada durante os anos de vida institucional que se liquefizeram como tudo que é institucional. Exemplo são as tevês que agora se intitulam multitelas. Outras mídias sobrevivem inexplicavelmente sustentadas por seu charme e perfume, como por exemplo o livro impresso.

A pressa é a marca preponderante dessa sociedade entrou o novo século. O individualismo talvez seja a maior causa dessa pressa, sintoma de ansiedade desmedida por resultados que nem sempre se sabe desejados. Assim, se houve um salto qualificado de uma sociedade artesanal para a industrial e da industrial para a sociedade de consumo, o salto para a sociedade da revolução tecnológica ainda está se completando porque, repito Belchior, “o novo sempre vem”. Deixamos para trás a Olivetti ‘bola’, o ‘fac-símile’ (ou fax), o MS-DOS, a linha fixa de telefone . . . mas nossos ídolos, ah, nossos ídolos “ainda são os mesmos, e as aparências, as aparências não enganam não . . .”

Foto: Agência Brasil, refugiados sírios.



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