MEU ENCONTRO COM UMA VALQUÍRIA EM JUNDIAÍ

Hoje, Valquíria que levava com ela seu cãozinho, Boris, me abordou, sentada à porta do restaurante, com muita educação, debaixo do seu bonezinho esgarçado. Olhou de baixo para cima, nos meus olhos, para falar e contou que há muito, muito tempo atrás, comeu um bife à parmegiana. As pessoas não têm mais o costume de olhar nos olhos para dialogar.

Apontou para a placa onde estava o cardápio – o bife estava lá – e pediu para eu pagar que fosse só o bife, porque a vontade de comer o danado era muito grande.”Nem sei quanto tempo faz que comi um bife a parmegiana pela última vez. Mas faz anos”, falou num português claro, correto e patrocinado por um sorriso simpático.

Fiquei matutando. Valquírias eram deiades nórdicas que escolhiam quem morreria na batalha, enviadas por Freya, a esposa de Odin… Boris é um nome eslavo, da raiz boru, combatente, guerreiro. Nem ela, nem o cãozinho fazem a menor ideia disso, já que vivem pelas ruas, onde moram e combatem para sobreviver dia por dia. Eu, confesso, ainda estou meio assustado…